quinta-feira, 25 de março de 2010

O voto consciente

Zillah Branco *

A participação cidadã na escolha do melhor candidato à Presidência da República no Brasil, evidentemente não pode estar presa exclusivamente à vontade de derrotar o opositor. A não ser em casos onde um candidato fascista concorre com apenas um de centro que não se sabe bem para onde vai. São situações criadas pela história política nacional onde a democracia ficou adormecida. Não é o caso brasileiro.

A escolha exige maturidade política, pois não pode estar baseada em uma apreciação restritiva às qualidades individuais do candidato para o eleitor. Exige uma apreciação mais ampla sobre o que representa o candidato como alavanca de um programa para o desenvolvimento nacional e quais as tendências que poderão compor uma aliança democrática para tornar possível uma gestão positiva na história do país. Em causa está um processo de evolução histórica que foi semeado ao longo de décadas para vencer a herança colonial e imperial que criou modelos oligarcas que controlam os eleitores com a força de patrões protecionistas que conduzem os seus “dependentes diretos”. E a história das lutas sociais no Brasil é centenária, pela liberdade dos cidadãos e pela independência nacional, para serem construídas as condições melhores de vida para toda a população. É uma equação complexa que impõe o respeito pelo coletivo e não uma escolha individual egoísta e fútil.

Por estas razões, no último artigo aqui publicado, referi o valor de Dilma Roussef que desde muito jovem luta corajosamente contra as formas de opressão e que nos dois mandatos de Lula – que deu início a uma fase não oligárquica, de construção de um Estado realmente democrático no caminho da independência nacional reconhecida mundialmente – desempenhou funções fundamentais para que o neoliberalismo seja vencido e que seja consolidada a base para o desenvolvimento autônomo do Brasil. Dilma representa a seqüência ao árduo trabalho do governo Lula que mudou o foco do desenvolvimento nacional, que estava no enriquecimento da elite empresarial, para a criação de recursos no atendimento das necessidades básicas da maioria da população: do direito a fazer três refeições por dia a cursar a universidade, de garantir o direito das crianças ao respeito pelo idoso, de consolidar a consciência cidadã a participar no desenvolvimento de um país mais justo e mais forte. A estratégia de desenvolvimento hoje é favorável ao fortalecimento do Estado para apoiar o povo e não, como antes reduzir o Estado ao mínimo para beneficiar os serviços públicos privatizados.

E o caminho é longo e árduo para alterar instituições e culturas alimentadas durante cinco séculos. Os brasileiros não podem abandonar esta luta no fim do oitavo ano. Esta é a responsabilidade de cada cidadão eleitor.

O mundo inteiro vive, nesta época, o momento de construir o futuro ou voltar ao passado. Até a potência norte-americana tem que definir o seu caminho nacional integrando 38 milhões de habitantes no atendimento médico ou deixar que permaneçam no abandono que degrada mais de 10% da sua população. O futuro será a proliferação da miséria, com todos os problemas sociais e econômicos que a acompanham, ou o fortalecimento de um Estado que se torna cada vez mais comprometido em atender às necessidades do povo. Obama samba miudinho sob a pressão da elite egoísta para marcar o seu governo como o salvador da população mais carente, como antes fez com os bancos à beira da falência. O Primeiro Ministro britânico também passou por “socialista” quando sugeriu à União Européia que a solução para a crise financeira poderia ser resolvida com a intervenção dos Estados. Ambos cederam às pressões pagando as dívidas dos bancos sem garantia de retorno do dinheiro público.

A recente crise levantou nas economias capitalistas mais desenvolvidas o fantasma de um Estado capaz de assegurar o desenvolvimento da população, (que lembra o socialismo) contrário ao caminho neoliberal, ao mesmo tempo em que evita a derrocada financeira das empresas. E, neste panorama, foi o Presidente Lula que mereceu o título de Estadista Global com a estratégia de desenvolvimento implantada pelo seu governo que será seguida com coerência por quem ele recomenda como canditada: Dilma Roussef.

Do Blog O Vermelho

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