terça-feira, 30 de novembro de 2010

A indústria dos planos de saúde contra Michael Moore

Depois da realização do documentário "Sicko", uma denúncia contra o sistema privado de saúde nos Estados Unidos, executivos de empresas de planos de saúde decidiram desencadear um plano contra o trabalho de Michael Moore. Um estudo recente da Faculdade de Medicina de Harvard indicou que quase 45 mil estadunidenses morrem anualmente (um a cada doze minutos) principalmente porque não têm seguro de saúde. Mas para o grupo de pressão das empresas, a única tragédia seria a possibilidade de uma verdadeira reforma do sistema de saúde. O artigo é de Amy Goodman.


Amy Goodman – Democracy Now

Michael Moore, ganhador do Oscar como melhor documentarista, faz excelentes filmes que, em geral, não são consideradas obras de suspense que gerem a sensação de estar “à beira do abismo”. Tudo isso poderia mudar a partir de uma denúncia feita por um informante do noticiário de Democracy Now, segundo a qual executivos de empresas de planos de saúde pensaram que talvez fosse necessário por em marcha um plano para “atirar Moore pelo precipício”.

O informante era Wendel Potter, ex portavoz da gigante dos planos de saúde Cigna. Potter mencionou uma reunião de estratégia industrial na qual se tratou do tema de como responder ao documentário “Sicko”, de Michael Moore, produzido em 2007, filme que critica a indústria de seguros de saúde dos Estados Unidos. Potter me disse que não estava seguro da gravidade da ameaça, mas acrescentou em tom inquietante: “Ainda que não tenham pensado em fazer isso literalmente, para ser honesto, quando comecei a fazer o que estou fazendo, temi por minha própria saúde e bem estar; talvez tenha sido paranoia, mas essas empresas jogam para ganhar”.

Moore ganhou um Oscar em 2002 com seu filme sobre a violência armada intitulado “Bowling for Columbine”. Logo depois fez “Fahrenheit 9/11”, um filme sobre a presidência de George W. Bush que se transformou no documentário de maior arrecadação na história dos Estados Unidos. Quando Moore disse a um jornalista que seu próximo trabalho seria sobre o sistema de saúde estadunidense, a indústria de planos de saúde tomou nota.

A associação comercial Planos de Seguro de Saúde dos Estados Unidos (AHIP, na sigla em inglês), principal grupo de pressão das empresas do setor, teve um enviado secreto na estreia mundial de “Sicko” no Festival de Cannes, na França. O agente saiu rapidamente da estreia e foi participar de uma teleconferência com executivos da indústria, entre eles Potter.

“Tínhamos muito medo”, disse Potter, “e nos demos conta de que teríamos que desenvolver uma campanha mais sofisticada e cara para conseguir rechaçar a ideia da cobertura de saúde universal. Temíamos que isso realmente despertasse a opinião pública. Nossas pesquisas nos diziam que a maioria das pessoas estava a favor de uma intervenção maior do governo no sistema de saúde”.

A AHIP contratou uma equipe de relações públicas, APCO Worldwide, fundada pelo poderoso escritório de advogados Arnold & Poter, para coordenar a resposta. A APCO formou o falso movimento de base de consumidores “Health Care America” para contrapor a prevista popularidade de “Sicko”, o filme de Moore, e para gerar medo em torno do chamado “sistema de saúde dirigido pelo governo”.

Em seu recente livro “Deadly Spin: An Insurance Company Insider Speaks Out on How Corporate PR is Killing Health Care and Deceiving Americans” (Giro mortal: um informante explica como as relações públicas das empresas de seguros estão acabando com o sistema se saúde e enganando os estadunidenses) Potter escreve que se encontrou “com um filme muito comovedor e eficaz na hora de condenar as práticas das empresas privadas de seguros de saúde. Várias vezes tive que fazer um esforço para conter as lágrimas. Moore conseguiu entender bem qual é o problema”.

A indústria de seguros anunciou que sua campanha contra “Sicko” havia sido um rotundo sucesso. Potter escreveu: “AHIP e APCO Worldwide conseguiram introduzir seus argumentos na maioria dos artigos sobre o documentário quando nenhum jornalista havia investigado o suficiente para descobrir que as empresas tinham fornecido a maior quantidade de dinheiro para a criação da Health Care America. De fato, todos, desde a cadeia de notícias CNN até o jornal USA Today, referiram-se a Health Care America como se fosse um grupo legítimo.

O jornal New York Times publicou um artigo, uma espécie de resenha de “Sicko”, na qual citava o porta voz da Health Care America dizendo que isso representava um passo na direção do socialismo. Nem esse jornalista, nem nenhum outro que tenha visto, tentaram tornar público que, de fato, este movimento estava financiado em grande medida pelas empresas de seguro da saúde.

Moore disse que Potter era o “Daniel Ellsberg dos Estados Unidos corporativo”, uma referência ao famoso informante do Pentágono cujas revelações ajudaram a por fim à guerra do Vietnã. A corajosa postura de Potter gerou um impacto no debate, mas a indústria dos planos de saúde, os hospitais e a Associação Médica Estadunidense continua debilitando os elementos do plano que ameaça os seus lucros.

Um estudo recente da Faculdade de Medicina de Harvard indicou que quase 45 mil estadunidenses morrem anualmente (um a cada doze minutos) principalmente porque não têm seguro de saúde. Mas para o grupo de pressão das empresas, a única tragédia seria a possibilidade de uma verdadeira reforma do sistema de saúde. Em 2009, as maiores empresas do setor destinaram mais de 86 milhões de dólares à Câmara de Comércio dos Estados Unidos para que esta se opusesse à reforma do sistema de saúde. Este ano, as cinco maiores seguradoras do país aportaram uma soma de dinheiro três vezes maior tanto para candidatos republicanos como para democratas com a intenção de fazer retroceder ainda mais a reforma da saúde. O representante democrata por Nova York, defensor do sistema de saúde público, declarou no Congresso que “o Partido Republicano é uma subsidiária que pertence por completo à indústria de seguros”.

“Provavelmente estarão a favor da retórica das empresas privadas quando afirmam que necessitamos ter mais ‘soluções baseadas no mercado’ (como eles dizem) e menos regulações, que, sem dúvida, são o tipo de coisa que os republicanos vão tratar de conseguir porque regulação é o que essas empresas não querem”, disse Potter.

A indústria de seguros da saúde não está desperdiçando seu dinheiro. Moore disse: “Neste informe estratégico compilado pelas empresas acerca do dano que “Sicko” poderia ocasionar, há uma linha que basicamente diz que no pior dos casos o filme poderia desencadear um levante populista contra as companhias. Essas empresas, em 2006 e 2007, já sabiam que os estadunidenses estavam fartos das empresas de seguros com fins lucrativos e que um dia o povo poderia se levantar e dizer ‘isto terminou’. Este é um sistema enfermo: permitimos que as empresas lucrem a nossa custa quando ficamos doentes!”

Isso é estar doente de verdade.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Fonte: Carta Maior

Pequeno Grande Rio

O Rio de Janeiro, apesar de tudo, continua lindo, hospitaleiro, alegre e combativo. A cidade possui alguns dos mais belos cartões postais do mundo. Seu povo, aberto não apenas aos brasileiros de outros estados e cidades, mas também aos estrangeiros dos mais diversos cantos do mundo, mantém sua natureza jovial e culturalmente democrática. Embora seus ritmos musicais apresentem traços nostálgicos, eles são capazes de contagiar de alegria até os mais sisudos. E sua história está cheia de lutas, seja contra o arbítrio dos mandantes, seja por melhores condições de vida.


Isso tudo, apesar do que foi feito nos últimos cinqüenta anos, desde que o Rio deixou de ser a capital da República, para apequenarem a cidade, liquidarem sua beleza e tornarem seu povo mal-humorado, triste e conformado. A ditadura militar, em especial, fez tudo a seu alcance para quebrar a espinha dorsal popular e a natureza democrática dos cariocas. Acumularam-se desmandos e situações que a democratização pós-ditadura militar ainda não foi capaz de eliminar.

Foram dezenas de anos sem crescimento econômico e sem geração de empregos. Foram mais de vinte anos de perseguições políticas e culturais. Foi outro tanto de desprezo e de abandono, praticados por diferentes e continuados governos, em relação às camadas pobres da população, em particular às que vivem em favelas. Tudo isso criou as condições para transformar milhares de jovens (e também crianças) em "soldados" do tráfico de drogas, dos assaltos e roubos, organizados ou desorganizados, do assassinato por encomenda, e de uma série de outras atividades anti-sociais.

No vácuo da ausência do Estado e de políticas e serviços públicos que possibilitassem o mínimo de dignidade para os que viviam em áreas de favelas, estas se transformaram em territórios de poder e governo de bandos criminosos armados e em entrepostos de venda de narcóticos para as classes médias abastadas. Situação agravada, ainda por cima, com a conivência de policiais e outras autoridades corruptas, com a formação das "polícias mineiras" ou milícias, compostas de policiais, e com a ausência efetiva de oportunidades de trabalho e de perspectivas de futuro.

As tentativas de organização comunitária para reagir a essa situação foram constantemente desorganizadas e eliminadas, seja pelos bandos criminosos, seja pela polícia. A população moradora nas favelas conviveu sempre com o preconceito de grande parte da população não-favelada, para a qual todo favelado era um bandido em potencial, e com o duplo perigo de ser atingida e massacrada. Foram inúmeros os massacres praticados tanto por bandidos quanto por policiais, de forma independente ou em conjunto.

A política de ocupação dos territórios das favelas, através das UPP (Unidades de Polícia Pacificadora), e da introdução de serviços públicos, tem mostrado que a maioria absoluta dos favelados é formada por trabalhadores, embora grande parte ainda continue desempregada. Além disso, a presença de órgãos do Estado, mesmo mínima, mas com uma atitude diferente da polícia tradicional, criou um ambiente favorável para a vida e a organização comunitária.

Se a economia continuar crescendo e aumentando a oferta de empregos, a atividade do Estado nas favelas contribuir para a formação educacional e profissional de jovens e adultos, e ambos possibilitarem a organização comunitária autônoma, a política de ocupação territorial pode limpar o cenário das contradições sociais, encobertas até então pela presença escancarada do tráfico, e ajudar a superar décadas de descaso e de abandono.

Por outro lado, a política de ocupação dos territórios precisa estar associada a uma política de apelo à rendição, entrega das armas pelos "soldados" dos bandos armados e ressocialização efetiva dos jovens ganhos pelo tráfico em virtude da ausência de esperança de vida. O que demanda uma reforma profunda do sistema prisional brasileiro.

Contra a "guerra regular de posições", praticada pelo governo, sem ofertas de rendição e tratamento diferenciado de ressocialização, os "soldados" vão seguir à risca a orientação de seus chefes. Vão travar uma "guerra de guerrilhas", de caráter terrorista, contra a população civil e contra a polícia, e tendem a lutar até a morte quando não tiverem mais qualquer território onde se recolherem.

Talvez tenha chegado a hora de colocar a política no comando das ações militares, de modo a evitar um banho de sangue de grandes proporções.

Não se pode esquecer que a crise atual foi gerada numa fase ainda preliminar da criação das UPP. A maior parte das favelas do Rio ainda não conta com a presença das UPP. Desse modo, sem uma política de atração dos "soldados", com oferta clara de uma nova perspectiva de vida, teremos a repetição de novas crises, à medida que a ocupação dos territórios avançar.

A oferta não pode ser apenas prisão ou morte, porque nas condições prisionais brasileiras ambas são quase a mesma coisa. Precisa ser prisão com condições diferentes das atuais, educação, formação profissional e ressocialização. Se isto não for tentado, estaremos apenas trocando os sofás de lugar e será difícil o Rio sair da pequenez em que foi jogado há mais de meio de século, e voltar a ser grande, que é o que merece.

Wladimir Pomar

Fonte: Pragmatismo Político

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A perversão mediática: impedir ou bloquear a consciência social

Por Manuel Gusmão, no ODiario.info


A situação contemporânea dos media decorre no fundamental da propriedade dos grandes meios de comunicação social se encontrar concentrada nas mãos de uma fração das classes que dispõem do poder econômico e financeiro e, por conseguinte, do poder político.

Nas últimas duas décadas do século passado, acelerou-se um processo complexo que veio a traduzir-se numa brutal alteração da correlação das forças de classe a nível europeu e mundial, marcada pelas derrotas históricas do campo em que se iniciaram as primeiras tentativas de construção do socialismo, e por uma vitória do neoliberalismo no terreno das disputas ideológicas internas ao campo da burguesia internacional.

Esta situação determina que o exercício do poder na produção da comunicação utiliza não apenas meios técnicos em matéria de informação, entretenimento e conteúdos, mas também meios (repressivos) próprios da cadeia de comando de qualquer empresa capitalista.

Os objetivos próprios e específicos da gestão das empresas de comunicação social são conformes aos objetivos gerais da dominação das classes dominantes: a extorsão do lucro e a montagem de uma teia ou rede, ou de uma gigantesca tela destinado a influenciar ou a pressionar a reprodução do modo de viver social dominante.

Assim, visando a imposição de uma crescente fragilização dos seus trabalhadores, que os torne mais facilmente controláveis e obedientes perante a extorsão, promove-se uma crescente precarização das suas condições de trabalho.

Através dessa precariedade instalada e das formas de pagamento a recibo verde e à tarefa, da acumulação imposta de estágios não remuneradas, etc., a gestão dos media dominantes visa a maximização dos seus lucros e indissociavelmente, uma crescente compressão da autonomia relativa do trabalho intelectual (dos jornalistas e de outros profissionais intelectuais. A essa compressão pode acrescentar-se uma acentuada diferenciação social no interior desses grupos profissionais.

Uma realidade em rápida transformação

A situação e sobretudo o poder e a influência dos media que, como é fácil de compreender, são o poder e a influência política e ideológica dos seus proprietários é uma situação que ganha novas formas e realidade numa transformação rápida, que se acelera nas duas últimas décadas do séc. 20.

1. O impacto das inovações tecnológicas e a sua apropriação e gestão pelos proprietários dos media.

2. Os grupos econômicos e financeiros, a concentração da propriedade dos media e as condições de trabalho dos jornalistas. Em Portugal como o detalhou ontem Fernando Correia existem 5 grupos que dividem entre si a propriedade da imensa maioria dos media em Portugal.Como o tem também observado Fernando Correia é através destes grupos que o capital espanhol entra para o seu comando.

3. A apropriação pelo grande capital do desenvolvimento tecnológico e a concentração da propriedade dos media tem conduzido à criação de novos espaços informativos, a uma mercadorização crescente dos media e do seu produto: a informação, o “conhecimento”, a opinião, o entretenimento e os conteúdos.

4. Esta situação altamente complexa e contraditória leva à pluralização das expectativas dos diversos sujeitos sociais, mergulhados na noite urbana e ao esgotamento da resposta dos Media a essas expectativas.

Fernando Correia tem, entre nós, insistido nisso. Aproxima-se da realidade contemporânea dos media, por exemplo através da observação dessas expectativas: Para os jornalistas os media são um espaço de informação”, para os patrões são um produto; para os publicitários e anunciantes são um suporte de anúncios; para os dirigentes políticos e cada vez mais também para os desportivos, os media são um instrumento de luta pelo poder e de exercício do poder; para os cidadãos, os media tendem a constituir um espaço de participação. Para os trabalhadores, os sindicatos grupos minoritários (e outros) os media revelam-se um privilegiado espaço de reivindicação; para determinados sectores da intelectualidade, os media constituem uma instância de visibilidade e, por essa via, de legitimação e de credibilização (cf. Bourdieu). Fernando Correia adiantava que , nomeadamente num país como o nosso, os media são o principal ou mesmo o único instrumento de conhecimento; tudo o que sabem tendem a sabê-lo pela televisão.

Fabricar o consenso, impôr a obediência

A capacidade humana de linguagem é o fundamento e a condição de possibilidade da comunicação. Falar uma língua, produzir um discurso, comunicar é tendencialmente uma atividade dialogal e dialógica, eminentemente participativa e interaccional. Isso pode exprimir-se dizendo que uma frase é sempre dita pelo menos por duas pessoas: por aquele que a produz antecipando sua interprtação por um receptor e este que entende e responde a essa frase. O sentido dessa frase é sempre o resultado de uma negociação, o fruto de uma cooperação.

O Efeito do rio de águas caudalosas.

Nos media dominantes, tendencialmente, trata-se de produzir um discurso veloz, poderosamente redundante e que condiciona brutalmente as hipóteses de resposta. Só tolera a interação pobremente mimética, que repete o que já foi dito e fixa as regras de estilo e de modelação da notícia que só são aceites se inalteradas e inalteráveis. É um discurso que manifesta constantemente ligações não explícitas nem tematizadas, que jogam com preconceitos, valores e representações ideológicas profundamente depositados em estratos infraconscientes da consciência social.

Surgindo como transversal aos programas de informação, de opinião e entretenimento, esse discurso verdadeiramente totalitário torna impossível a referência a um fato histórico designado como “invasão do Vietnã do Sul” ou como a “agressão americana ao Vietnã do Sul”.

O Efeito de mosaico: a perplexidade induzida.

O alinhamento das notícias no telejornal pode ser manipulado, quer aproximando notícias em que se pretende ver uma relação, que não sendo explícita convoca precisamente estereótipos e preconceitos conservadores, quer afastando notícias que essas sim podem conter uma ligação que não se quer tornar patente. Aqui se inclui um procedimento muito frequente que consiste em dar-se uma notícia de tal forma que ela é incompreensível.

Ocultar o que se passa: mentir.

Exemplo: noticiar uma greve sem se dizer o que é que motiva os trabalhadores, o que é que eles reivindicam. Há casos deste tipo de manipulação grosseira, em que a notícia esconde ou mente sobre o motivo ou as razões precisas da luta. Recentemente as manifestações em França eram sistematicamente acompanhadas pela “informação” de que os manifestantes lutavam contra a passagem da idade da reforma dos 60 para os 62 anos. Entretanto nas imagens de um canal de televisão apareceu um trabalhador com uma bandeira onde se percebiam os números 60 e 67. Mas não só não foi apresentada, com base no cartaz, as verdadeiras razões da luta , como se persistiu na imprecisão mentirosa da notícia. Esta mentira apoia-se e explora a dificuldade de muitas pessoas em lerem com proficiência uma imagem que aliás passa velozmente.

Omitir e silenciar

Entretanto, para além destes casos de manipulação simples da notícia que ou é incompleta ou deformada, há uma outra estratégia provavelmente mais grave e perigosa, que pode produzir lacerações mais extensas e profundas na consciência social e política daqueles que se encontram expostos aos media. Esta estratégia procede pela ocultação e pelo silêncio feito sobre um determinado acontecimento, uma declaração, uma proposta ou orientação alternativa para resolver um determinado estado de coisas. Essa ocultação pode atingir um determinado tipo de sujeitos sociais ou políticos.

Como é compreensível, esta estratégia induz um efeito de invisibilidade daqueles que são o seu objeto ou as suas vítimas. É como se não existissem.

“Quem não aparece, esquece”.

Excluir: isto não pode ser pensado

Que a crise atual é uma crise do capitalismo, foi uma ideia que conseguiu ser expressa no princípio da crise. Parecia que o fato de se deixar formular assim o problema se devia a uma necessidade de partir de um mínimo de credibilidade, a uma vontade de assegurar uma disposição mínima para ouvir. Mas rapidamente os media procuraram que só o dissessem aqueles que apareciam como deputados e dirigentes políticos de uma esquerda anticapitalista e que assim eram desqualificados por três razões “óbvias” (?): 1) eram “políticos”, 2) tinham uma ideologia e 3) eram anticapitalistas. Sobretudo aconteceu que a partir daí, na fase em que se tratou de discutir as políticas para responder à crise e sai dela, os participantes foram ferozmente selecionados: passaram a ser necessariamente economistas conhecidíssimos ou perfeitamente desconhecidos, mas todos piamente crentes na mesma grande receita. Reparar-se-á que nem têm que combater ou contra-argumentar contra uma orientação marxista, porque isso já era perigosamente sugerir que uma outra orientação era possível e havia quem a argumentasse. Os media passaram a comportar-se como se uma alternativa fosse impensável, monstruosa ou portadora de um qualquer elemento misteriosamente patogénico. Podemos imaginar que se algum economista escapasse ao feroz controlo instalado uma das coisas que lhe poderia acontecer era passar por alguém fora de moda se não mesmo fora deste mundo, ou aparecer como alguém alucinado ou algo ridículo como uma visita de uma casa de gente fina que não sabe comportar-se à mesa ou na conversa de salão.

Em tais condições compreende-se se dissermos que não é preciso sequer que ninguém diga ou proponha como conclusão de um debate que o capitalismo naturalmente passará esta curva. Por que o que se visa com estes programas, em que a opinião não apresentada como tal, ou mesmo enganosamente apresentada como informação, é a inculcação de que o capitalismo é o estado natural das coisas.

Como se fosse o ar que respiramos: naturalizar a ideologia burguesa.

Tal como a ideologia burguesa é como o ar que respiramos. E porque o respiramos é que estamos vivos. QUOD ERAT DEMONSTRANDUM. A ideologia burguesa é aquela que rejeita ser uma ideologia, ser burguesa e ser de classe.

Uma nova cultura: a cultura mediática de massas

Hoje em dia, com o desenvolvimento das novas tecnologias de informação e de comunicação, com a concentração da propriedade dos media e a formação de grupos multimídia, os media contemporâneos tornaram-se uma plataforma em expansão, anexando atividades que, até à 2ª metade do século 20, apareciam como territórios culturais autônomos, dispondo nomeadamente de tradições próprias. Refiro-me ao conjunto das artes.

Poder-se-ia supor que essa anexação poderia ser descrita como o fornecimento às artes de um novo aparelho de distribuição, exibição e exposição dos seus artefatos. Veio contudo a acontecer quase inevitavelmente (uma vez que o referido processo se dá num campo dominado pela produção capitalista) que os media se tornaram agentes e fatores da produção artística.

Com isto, aquilo que parecia ser a lógica evolutiva interna das formas artísticas passa a ser subordinado à lógica mercantil, que domina a produção para o mercado, e à pressão do gosto das grandes audiências. Os dois principais modelos da produção e da recepção artísticas tornam-se assim o mercado e o espetáculo.

No mercado capitalista contemporâneo, as regras neste campo deixam de ser meramente econômicas para passarem a ser também ideológicas, e o espetáculo não é apenas o palco para as fantasmagorias da mercadoria, mas a instauração de uma distância que aliena a participação do espectador.
 
Fonte: O Vermelho

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A batalha no Rio

Do Blog do Esquerdopata
É um engano identificar a batalha do Rio – e de outras grandes cidades – como mero confronto entre a polícia e delinquentes, traficantes, ou não. Embora a conclusão possa chocar os bons sentimentos burgueses, e excitar a ira conservadora, é melhor entender os arrastões, a queima de veículos, os ataques a tiros contra alvos policiais, como atos de insurreição social. Durante a rebelião de São Paulo, o governador em exercício, Cláudio Lembo, considerado um político conservador, mais do que tocar na ferida, cravou-lhe o dedo, ao recomendar à elite branca que abrisse a bolsa e se desfizesse dos anéis.


O Brasil é dos países mais desiguais do mundo. Estamos cansados do diagnóstico estatístico, das análises acadêmicas e dos discursos demagógicos. Grande parcela das camadas dirigentes da sociedade não parece interessada em resolver o problema, ou seja, em trocar o egoísmo e o preconceito contra os pobres, pela prosperidade nacional, pela paz, em casa e nas ruas. Não conseguimos, até hoje (embora, do ponto de vista da lei, tenhamos avançado um pouco, nos últimos decênios) reconhecer a dignidade de todos os brasileiros, e promover a integração social dos marginalizados.

Os atuais estudiosos da Escola de Frankfurt propõem outra motivação para a revolução: o reconhecimento social. Enfim, trata-se da aceitação do direito de todos participarem da sociedade econômica e cultural de nosso tempo. O livro de Axel Honneth, atual dirigente daquele grupo (A luta pelo reconhecimento. Para uma gramática moral do conflito social) tem o mérito de se concentrar sobre o maior problema ético da sociedade contemporânea, o do reconhecimento de qualquer ser humano como cidadão.

A tese não é nova, mas atualíssima. Santo Tomás de Aquino foi radical, ao afirmar que, sem o mínimo de bens materiais, os homens estão dispensados do exercício da virtude. Quem já passou fome sabe que o mais terrível dessa situação é o sentimento de raiva, de impotência, da indignidade de não conseguir prover com seus braços o alimento do próprio corpo. Quem não come, não faz parte da comunidade da vida. E ainda “há outras fomes, e outros alimentos”, como dizia Drummond.

É o que ocorre com grande parte da população brasileira, sobretudo no Rio, em São Paulo, no Recife, em Salvador – enfim em todas as grandes metrópoles. Mesmo que comam, não se sentem integrados na sociedade nacional, falta-lhes “outro alimento”. Os ricos e os integrantes da alta classe média, que os humilham, a bordo de seus automóveis e mansões, são vistos como estrangeiros, senhores de um território ocupado. Quando bandos cometem os crimes que conhecemos (e são realmente crimes contra todos), dizem com as labaredas que tremulam como flâmulas: “Ouçam e vejam, nós existimos”.

As autoridades policiais atuam como forças de repressão, e não sabem atuar de outra forma, apesar do emplastro das UPPs.

Na Europa, conforme os analistas, cresce a sensação de que quem controla o Estado e a sociedade não são os políticos nem os partidos, escolhidos pelo voto, mas, sim, o mercado. Em nosso tempo, quem diz “mercado”, diz bancos, diz banqueiros, que dominam tudo, das universidades à grande parte da mídia, das indústrias aos bailes funk. E quando fraudam seus balanços e “quebram”, o povo paga: na Irlanda, além das demissões em massa, haverá a redução de 10% nas pensões e no salário mínimo – entre outras medidas – para salvar o sistema.

A diferença entre o que ocorre no Rio e em Paris e Londres é que, lá, o comando das manifestações é compartido entre os trabalhadores e setores da classe média, bem informados e instruídos. Aqui, os incêndios de automóveis e os ataques à polícia são realizados pelos marginalizados de tudo, até mesmo do respeito à vida. À própria vida e à vida dos outros.

Por Mauro Santayana
 
Fonte: Pragmatismo Político

10 estratégias de manipulação midiática

O lingüista estadunidense  Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.


O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.

Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

Fonte: O Escrivinhador

FAVELAS INCENDIADAS: Onde há fumaça, há fogo

Por Débora Prado


No fim do dia, me deram logo 3 injeções e o médico perguntou como é que eu tava lá em pé. Mas, na hora do fogo a gente nem pensa nisso, né?”, dizia rindo um morador que perdeu suas doses de insulina no incêndio da favela Real Parque e quase teve uma crise de diabetes. Ele conta que também perdeu os eletrodomésticos recém comprados via crediário e só sobraram as dívidas. Os moradores das favelas têm um cotidiano estranho para as classes com mais renda em São Paulo. Não é só pelas condições precárias e a difícil luta pelo direito a uma moradia digna. Nem pela exclusão social, preconceito, presença da tropa de choque na vizinhança ou pelo descaso do poder público. É também pela convivência constante com incêndios, que estão fazendo desses moradores especialistas na contenção de fogo.

Segundo dados do Corpo de Bombeiros de São Paulo, a cidade registrou 113 incêndios em favelas desde o início do ano até a última semana de setembro e, enquanto esta reportagem era apurada, um novo incêndio deixou cerca de 1200 pessoas sem casa na Real Parque, na zona sul. No dia 24 de setembro, uma sexta-feira, depois de dois focos de incêndio controlados por moradores, um terceiro queimou centenas de barracos na comunidade, além de atingir dois alojamentos ‘provisórios’ em que dezenas de famílias viviam desde outro incêndio que aconteceu há 8 anos. “Foi muito estranho, o fogo lambeu tudo muito ligeiro, parecia uma boca engolindo os barracos”, relata um morador.

Uma moradora da favela Água Espraiada,zona sul, conta que o último incêndio “ainda não

venceu um mês” e deixou 83 famílias sem moradia. “A causa do incêndio mesmo nunca fica em evidência, né? As autoridades não vêm aqui fazer uma perícia direito. Os bombeiros demoram e ainda chegam aqui com o caminhão vazio, muitas vezes. A defesa civil vem, faz um cadastro, dá um colchão, uma cesta básica e depois não aparece mais. Quando a gente é pobre, filha, só pode contar com a gente mesmo, quem apaga o fogo e começa tudo de novo é a própria comunidade. Em todas as favelas é assim”, diz.

Um incêndio também atingiu um alojamento, em tese provisório, na comunidade Paraisópolis, também zona sul, em setembro. Marisa Feffermann, psicóloga engajada na campanha Paraisópolis Exige Respeito, conta que as famílias já estavam no alojamento há um ano, com o dobro de pessoas em relação à capacidade e sem infraestrutura, desde que outro incêndio atingiu a região.

Os casos de incêndio são recorrentes e tem aumentado tanto que geram suspeitas. Na Real Parque, muitos moradores desconfiam de incêndio criminoso. Segundo eles, o fogo se espalhou com uma velocidade surpreendente. “Teve barraco que queimou de fora pra dentro”, diz um morador. “A perícia não vai acontecer, a prefeitura já limpou o terreno e os técnicos que vieram aqui disseram que vai ser difícil apurar, porque o terreno não foi isolado”, reclama outra moradora.

A área mais atingida pelo fogo é antigo palco de embate entre a comunidade e o poder público. Uma parte do terreno que pertence a EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A.) já tinha sido desocupada por uma ação de despejo em dezembro de 2007. “O fogo foi justamente numa área que a prefeitura queria nos tirar, que era uma briga na justiça pela desocupação de um terreno da EMAE”. Em nota, a Sehab confirmou que “a Prefeitura vem enfrentando dificuldades com as lideranças para retirar a população do local”, mas porque a região ‘é considerada de risco’.

A professora Ermínia Maricato, da Universidade de São Paulo (USP), explica que as favelas mais bem localizadas passam por um processo de adensamento muito grande e esse movimento, aliado às condições precárias – inclusive de instalações elétricas - gera um quadro de maior risco de incêndio. “A favela vai continuar aumentando enquanto o problema do direito à cidade e do transporte não for resolvido, principalmente as mais

bem localizadas. Este processo indica uma necessidade das pessoas estarem mais perto do trabalho, gastar menos com ônibus, estar mais perto de possíveis bicos”, explica a professora. Segundo Ermínia, esse quadro é fruto da ausência de uma política fundiária para diminuir o preço e a especulação com terra e viabilizar a moradia para população de baixa renda. “Numa sociedade como a nossa, se melhoraram as condições num determinado local, não tem jeito: aumenta o preço e aumentando o preço você expulsa o pobre”, afirma.

A moradora de Paraisópolis que conseguiu garantir seu direito à moradia depois de muita luta conta que os gastos subiram demais para o padrão de renda da população. “Depois de seis meses, a gente começa a pagar uma prestação de R$ 86 e tem várias contas, a água, luz, a iluminação pública – que aqui é a gente que tem que pagar, nunca vi isso. Só a conta de gás veio R$ 300,00 nos últimos 3 meses, pra quem ganha um salário mínimo (R$ 510,00) é totalmente inviável. Todo mundo quer pagar, mas nem todos tem condições, é muita falta de dignidade”, lamenta.

Pelo fogo, certamente, é que a favela não irá acabar. Isto porque os próprios moradores estão se habituando a conter as chamas, retirar seus pertences e botijões de gás, arrecadar e distribuir doações e reconstruir seus barracos. A moradora da Água Espraiada conta que, após o último incêndio, a prefeitura quis encaminhar algumas famílias para alojamentos em outras regiões da cidade, mas os moradores não aceitaram, já que lá vivem com a ameaça do despejo. “O pessoal não aceitou, né? Eles sabem que se saírem daqui perdem a posse, então eles arregaçaram as mangas e tão reconstruindo. As pessoas têm história, raízes, escola, emprego, vínculo aqui”, explica. Ela mesma diz que vive com esta preocupação desde 1962, quando o pai comprou a casa na Espraiada. “A gente tá sempre na corda bamba, pode ser locomovido a qualquer momento. Eles querem fazer da Espraiada uma nova (Avenida) Paulista, até a Copa de 2014 tiram a gente daqui”. O receio é fundamentado – a Operação Urbana Água Espraiada prevê a remoção das famílias das favelas próximas à avenida que passou a se chamar Jornalista Roberto Marinho.

A maior reclamação da moradora é em relação ao descaso. Segundo ela, faltam informações sobre o encaminhamento que será dado aos desabrigados. “Tem umas 15 famílias que receberam o auxílio aluguel para 6 meses, no total de R$ 3.600,00, mas não sabem o que acontecerá depois deste prazo. O pessoal não tem informação, não sabe do futuro, não sabe nem onde ir cobrar daqui esse tempo”.

A moradora de Paraisópolis retrata uma situação semelhante: os desabrigados receberão o aluguel social, mas ainda não sabem ao certo por quanto tempo e nem tem a garantia da nova moradia. “As pessoas não têm seus direitos garantidos, então são obrigadas a invadir de novo”, conta. “Eles tão prometendo entregar as habitações em 18 meses, mas eu mesma fiquei 4 anos esperando e tive que fazer muita pressão”. As famílias despejadas em 2008, por exemplo, ainda lutam pela sua moradia. “Teve caso de família que saiu pra trabalhar e quando voltou sua casa tinha sido derrubada com tudo dentro. Teve gente que entrou em depressão, eles viram tudo destruído por um trator, enquanto eram empurrados pela polícia”, relembra.

Nelson Saule, do Instituto Pólis, avalia que a questão da legalização dessas áreas para as comunidades é uma das principais reivindicações no horizonte. “O processo de legalização é fundamental, porque então as próprias famílias vão investir mais para melhorar a condição da habitação”, destaca.

Débora Prado é jornalista
debora.prado@carosamigos.com.br

Fonte: Caros Amigos

Lula diz que “mídia antiga” lutou para derrotá-lo

Pela primeira vez um presidente deu uma entrevista coletiva exclusiva para blogueiros. Mais do que isso, foi a primeira vez em que um presidente falou para um grupo de jornalistas que não eram funcionários de suas empresas mas, eles próprios, donos dosmeios em que atuam. Talvez por isso mesmo o tema da mídia, de sua postura nas eleições e de seu relacionamento com o poder tenha ocupado um espaço tãogrande na conversa de duas horas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula com os chamados “blogueiros progressistas” (*) nesta quarta-feira, em Brasília.


Além de responder sobre a imprensa e seu papel, Lula falou sobre reforma política, aborto, direitos humanos e muito mais. Não faltaram as perguntas sobre o que pretende fazer depois de passar a faixa presidencial para Dilma Rousseff no primeiro dia de 2011. Internautas também fizeram perguntaram através do Twitter.

Veja algumas de suas respostas:

Censura – Não existe maior censura do que a ideia de que a mídia não pode ser criticada (…). Quando você acusa uma pessoa, você tem de ter provas. Se der errado, peça desculpas. No Brasil, parece que é feio pedir desculpas. Eu lembro da Escola Base de São Paulo, que é um marco.

Inverdades - Quando eu deixar a Presidência eu vou reler, porque eu parei de ler revista, parei de ler jornal. Pelo fato de não os ler, eu não fico nervoso. Eu vou reler muita coisa porque eu quero saber a quantidade de leviandades, de inverdades que foram ditas a meu respeito. Apenas para gravar na história. Porque não foi fácil.

Eleições - Aquele dia da bolinha de papel eu não ia dar entrevista(…) Mas aí quando vi a cena patética que estavam montando, eu disse ‘Ah, vou falar’. Foi uma desfaçatez. Eu perdi três eleições. Jamais faria aquilo. Eu fiquei decepcionado porque tentaram inventar uma outra história. Tentaram inventar um objeto invisível que até agora não mostraram. Aquilo era para culpar o PT pela violência(…)

Mídia antiga - Tenho problemas na relação com a mídia antiga. Sei que lutaram para me derrotar. Sou resultado da liberdade de imprensa nesse país. Temos telespectador, ouvinte, leitor. Eles acham que povo é massa de manobra. Eles se enganam. Tem que lidar com internet, algo que eles não sabem como lidar. Temos também que trabalhar para democratizar a mídia eletrônica. Sai pesquisa com 80% de aprovação e eles ficam assustados. O povo brasileiro conseguiu conquistar um espaço extraordinário. Não se deixa levar por um colunista que não tem interesse em divulgar os fatos. Antes eles (a mídia) não tinham que se explicar, agora, eles tem. (…) Quanto mais liberdade, melhor.

Liberdade de imprensa - Com todos os defeitos, eu sou o resultado da liberdade de imprensa deste país. Quem tem que julgá-los não sou eu, que vou ficar xingando. Eles (a mídia) pensam que o povo é massa de manobra como era no passado, eles se enganam. O povo está mais inteligente, mais sabido.

Direitos Humanos - Nós nos deixamos levar por setores que nos criticaram no relatório apresentado pela Comissão de Direitos Humanos, que não tinham lido o relatório (do Plano Nacional de Direitos Humanos) de 1996 e o de 2000. Os dois no governo Fernando Henrique Cardoso tratavam as coisas quase que do mesmo jeito. Um dia chamei o Paulinho Vanucchi (ministro da Secretaria de Direitos Humanos)e disse: os mesmos veículos que estão te triturando não falaram nada quando foi feito o primeiro e o segundo (relatórios).

Balanço - Estamos fazendo um balanço de tudo o que foi feito em todas as áreas do governo. Vamos registrar em cartório para que nenhum ministro me conte nenhuma mentira, seja de que fez ou de que não fez (…) Quero registrar em cartório para deixar no Arquivo Nacional, nas biblioteca das universidades, aquilo que foi a nossa passagem pelo governo.

Aborto - Enquanto cidadão, eu sou contra o aborto. Enquanto chefe de estado, eu tenho que tratar o aborto como questão de saúde pública. Tem milhões de pessoas fazendo aborto, meninas fazendo aborto pelo interior do País, colocando fuligem de fogão de lenha, furando o útero com agulha de crochê. O chefe de estado sabe que isso existe e não vai permitir que uma madame possa ir a Paris fazer um tratamento euma pobre tenha que morrer na rua.

Reforma política - É inconcebível este país atravessar mais um período sem fazer a reforma política. Não é papel de quem está na Presidência. É papel dos partidos e do Congresso. (…) Eu prefiro o financiamento público, que a gente sabe quanto vaicustar uma campanha. A companheira Dilma pode contar comigo. Eu vou estar muito mais livre para dizer coisas que eu não posso dizer com o papel institucional de Presidente da República.

Futuro - Pode ficar certo de que serei tuiteiro, blogueiro. Eu vou ser um monte de coisa que eu não fui até agora(…) Eu tenho vontade de trabalhar com as experiências bem sucedidas do Brasil. Tenho vontade de trabalhar na América Central. Ajudar Guatemala, El Salvador, Nicarágua. Quero ver se eu dedico um pouco do meu tempo a levar algumas experiências de políticas nossas para ver se a gente consegue implantar na África.

(*) A lista de convidados para a entrevista foi elaborada durante o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que aconteceu em São Paulo, em agosto, com a participação de blogueiros de 19 Estados.

Fonte: Brasília Confidencial

terça-feira, 23 de novembro de 2010

“Lugar Nenhum”


Publicado em 23/11/2010 por flamasorocaba

Este filme foi produzido numa oficina de audiovisual do VII CINE FEST de Votorantim, durante os dias 18, 19 e 20 de novembro de 2010. O grupo de pessoas que compôs a oficina achou importante a possibilidade de produzir um material que pudesse servir para a conscientização e para a reflexão crítica. Veja o resultado. Este curta-metragem foi exibido no dia 21 de novembro, na abertura do último dia do CINEFEST Votorantim. Passe a mensagem adiante. Informe-se sobre o tema. Discuta e critique este vídeo. E divulgue-o. Contribua para que este debate se amplie e se espalhe pela sociedade. É nela, e não só nos manicômicos, que as mudanças devem ocorrer para que haja mudança significativa de consciência..

O FLAMAS agradece a todos os membros que participaram da oficina, que deixaram as suas marcas neste trabalho fantástico que realizamos, nas condições que tínhamos. Agradecemos também a Secretaria de Cultura de Votorantim e a Prefeitura Municipal.

Fonte: FLAMAS

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dia da Consciência Negra: Psicologia pela promoção da igualdade étnico-racial

Nesta data, 20 de novembro, em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, o Conselho Federal de Psicologia lembra a todos a importância do resgate das raízes brasileiras e o combate ao racismo que até os dias de hoje insiste em permear diversas relações em nosso País, como forma de reconhecimento social do negro na sociedade brasileira.


Para debater o assunto, foi realizado em outubro deste ano, o I Encontro Nacional de Psicólogos (as) Negros (as) e Pesquisadores (as) sobre Relações Interraciais e Subjetividade no Brasil (I Psinep), apoiado pelo CFP. “Rompemos assim com a circulação de ideias simplificantes sobre as desigualdades no Brasil e na Psicologia”, afirma a psicóloga Maria Lúcia da Silva, que participou da organização do evento. Este teve como objetivo central a consolidação de uma rede de profissionais qualificados para a promoção da igualdade étnico-racial.

“Pensar o Dia da Consciência Negra do ponto de vista da Psicologia é pensar nos efeitos que o racismo traz na construção da subjetividade do sujeito. Racismo, na maioria das vezes, imprime marca negativa, que leva o sujeito a se enxergar de forma inferiorizada. O racismo promove humilhação, que atinge o sujeito naquilo que o constitui, sua identidade. A importância da Psicologia estar articulada, sensibilizada e trabalhando o tema é para que ela possa estar a serviço da população, a serviço de construir um sujeito mais pleno, mais saudável psiquicamente”, afirma Maria Lúcia.

Cabe aos psicólogos colocar a sua prática a serviço da promoção da igualdade, da justiça e do respeito à diversidade, reconhecendo a necessidade do resgate das dívidas históricas do Brasil na relação com os negros brasileiros.

Fonte: Conselho Federal de Psicologia

Marcelo Adnet - eleitores elitistas.

Campanha defende mudança de atitude para conter violência

Será lançada, nesta segunda-feira, em Brasília, a “Campanha Ponto Final pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas”, antecipando o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, a ser celebrado na quinta-feira, dia 25. A Ponto Final busca mudar as atitudes e crenças sociais relacionadas à discriminação e desigualdade de gênero que sustentam e promovem a violência contra as mulheres. Sua proposta, além de estimular a punição dos agressores, busca compreender como a violência ocorre e os grandes danos que produz para procurar formas de convivência baseadas no respeito.

A campanha, que será veiculada em comerciais de televisão e três vídeos na internet, já recebeu apoio prévio, em todos os estados brasileiros, de entidades, associações e movimento de mulheres como a Associação Brasileira de Enfermagem, a União Brasileira de Mulheres, a Articulação de Mulheres Brasileiras, o Observatório pela Aplicação da Lei Maria da Penha, o Observatório das Favelas do Rio de Janeiro, a Plataforma Dhesca Brasil, a Rede de Mulheres Negras do Paraná, Themis, Maria Mulher, Organização de Mulheres Negras e Associação Comunitária do Campo da Tuca de Porto Alegre.

O evento acontece no auditório da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e contará com a participação da ministra da pasta, Nilcéa Freire, e também de representantes dos Ministérios da Saúde, Educação e Cultura, de agências das Nações Unidas no Brasil, da sociedade civil e de parlamentares.

Após a promulgação da Lei Maria da Penha, em agosto de 2006, a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) efetuou cerca de um milhão de atendimentos até 2009. Durante o Governo Lula, o número de delegacias ou postos especializados passou de 248 para 421; os centros de referência, de 39 para 149; e as casas de abrigo, de 42 para 68. Neste período, foram criadas 147 defensorias, juizados e varas especializadas e 19 núcleos no Ministério Público. O atual governo também trabalha na capacitação de profissionais de educação e gestores estaduais e municipais nos temas gênero, raça, etnia e violência. Mais de 51,3 mil pessoas já passaram por esses cursos.

A coordenação da campanha está a cargo da Rede de Mulheres Latinoamericanas e do Caribe, com o apoio da OXFAM– sigla pela qual é conhecido o Comitê de Oxford de Combate à Fome, confederação de 13 organizações que atua em mais de 100 países na busca de soluções para o problema da pobreza e da injustiça. No Brasil, a campanha envolve a Rede Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Reprodutivos, em parceria com a Rede de Homens pela Equidade de Gênero(RHEG), Ações de Gênero Cidadania e Desenvolvimento (Agende) e Coletivo Feminino Plural.

Fonte: Brasília Confidencial

terça-feira, 16 de novembro de 2010

ODIO CONTRA A CLASSE "C"

INTOLERÂNCIA, PRECONCEITO, RAIVA - essas são as palavras usadas para expressar o desespero da elite brasileira, depois de um operário ter feito um governo PRA TODOS e do Brasil ter elegido a primeira mulher que dará continuidade por um Brasil mais justo e mais igualitário.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ARNALDO JABOR TEM SEU DIA DE "LULA" – APANHA DA FOLHA, DA VEJA, E NÃO SUPORTA A CRÍTICA.

Jabor é um lixo como diretor de cinema, colunista, e ser humano.

Parece que o filme “A suprema felicidade” está se tornando a suprema decepção e inconformidade do seu autor Arnaldo Jabor com a crítica especializada.

A patética pergunta (Quem tem razão? A crítica ou o público?) do subtítulo de seu artigo de hoje em O Globo (Patrulhas ideológicas) dá bem a dimensão da maneira como Jabor reagiu mal à avaliação dos críticos de cinema ao seu trabalho.

Os críticos da “Folha” e da “Veja” disseram que o filme é “sem foco”, “acaba de repente”, e ainda que Jabor não é mais cineasta. Segundo Jabor, picharam, e falaram mal de seu trabalho.

E aí, o vivido Jabor não consegue entender, como um filme que já foi assistido por 180 mil pessoas, e algumas delas lhe enviaram até e-mail elogiando, é tratado assim, na base da “porrada”, como lixo, como se não tivesse nada de bom. Será que esse povo que elogia o filme é um bando de idiotas ? Ou será que a razão está com os minguados críticos, e aí, em palavras minhas, uns três ou quatro que cabem dentro de um fusca ?

E Jabor parte para o ataque aos seus críticos, rotula a eles de patrulheiros ideológicos e os acusa de invejosos, e de exercerem a crítica de forma “desonesta”, por inveja de alguém (dele) que é sucesso, no rádio e nos jornais.......

Jabor desaprendeu de ser vidraça, faz tempo que ele é pedra, e nas suas análises políticas sobre o governo Lula, ele foi sempre cruel, como ativo membro da patrulha da oposição. Jabor esqueceu que ele sempre rotulou de analfabetos, ignorantes, otários, os 97% dos brasileiros que dão ao governo Lula aprovação entre regular e ótimo, Jabor sempre fez parte dos 3% que se acham os “críticos sabidos e inteligentes”, os que cabem dentro do fusca e são os brasileiros que conhecem o que é bom para o Brasil. Jabor nunca reclamou da Folha nem da Veja, quando elas esculacharam Lula, o PT e Dilma Rousseff, aí Jabor gostou, aplaudiu e ajudou a “bater”.

Quando Lula reclamou de que parte da Imprensa só criticava seu governo, sem ver nada de bom nele, Jabor enxergou nisso uma “ameaça a liberdade de expressão e de imprensa”. Jabor, a imprensa e os críticos são livres para achar que seu filma é uma droga, é um direito deles dizer isso, respeite a opinião dos que assistiram e não gostaram.

Quem semeia vento, colhe tempestade. Quem com ódio, preconceito, má vontade, “Folha e Veja” fere, com isso e com muito mais, acabara sendo ferido.

Fonte: Blog do Capacete

Assista e preste atenção nos sentimentos que lhe despertam.

Os ricos querem paz para continuar ricos; nós queremos paz para continuar vivos!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sai o Plano Nacional de Cultura

O Congresso aprovou nesta terça, 9, por unanimidade, o Plano Nacional de Cultura (PNC) em caráter terminativo - agora, só falta a sanção presidencial. Assim como outros planos de políticas públicas (Plano Nacional de Saúde e Plano Nacional de Educação), o PNC estabelece metas obrigatórias para os próximos dez anos na área cultural.


Dida Sampaio/AEJuca Ferreira, ministro da Cultura"É equivalente à carta de navegação para os marinheiros: traz as diretrizes para os governos estaduais e municipais e o governo federal, para que o fogo não seja reinventado todo dia", disse ontem, 20 minutos após a aprovação, o Ministro da Cultura, Juca Ferreira. A derradeira aprovação do projeto de lei, na manhã de ontem, se deu por unanimidade na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado.

Segundo o Ministério da Cultura, o projeto do plano foi concluído após consultas públicas, audiências e debates (muitos deles organizados pelo próprio Congresso) - entre eles a 1.ª Conferência Nacional de Cultura, Câmaras Setoriais, Fóruns e Seminários. Já o texto foi um trabalho em parceria entre os Poderes Legislativo e Executivo. Como é previsto na Constituição Federal (foi incluído na emenda constitucional 48, em 200), é decisivo na formulação de políticas públicas de longo prazo.

Segundo o texto, o plano inclui o seguinte: "Fortalecimento institucional e definição de políticas públicas que assegurem o direito constitucional à cultura; proteção e promoção do patrimônio e da diversidade étnica, artística e cultural; ampliação do acesso à produção e fruição da cultura em todo o território; inserção da cultura em modelos sustentáveis de desenvolvimento socioeconômico; estabelecimento de um sistema público e participativo de gestão, acompanhamento e avaliação das políticas culturais."

A aprovação do PNC chega num momento delicado para o Ministério da Cultura: a definição do nome que vai se manter à frente do MinC nos próximos quatro anos no governo Dilma Rousseff. Ministério alimenta expectativa, interna, de que Juca Ferreira seja reconfirmado no cargo, mas isso só será definido após regresso da presidente eleita de Seul. "O importante é que há um compromisso da presidente eleita com a área cultural. Ela participou, na Casa Civil, da formulação de todos os projetos do setor, que são programas do governo. O resto é política", disse o ministro.

Entre os projetos vitais para o MinC, em tramitação no Congresso, estão o ProCultura (que reforma a antiga Lei Rouanet e cria fundos de incentivo direto); o Vale Cultura (adoção de um vale, semelhante aos vales-refeição, que dará R$ 50 para os trabalhadores adquirirem ingressos de cinema, teatro, museu, shows, livros e outros produtos culturais); a criação do Sistema Nacional de Cultura (que formaliza a cooperação entre União, Estados e municípios); e a PEC 150, que estabelece piso mínimo de 2% do orçamento federal, 1,5% do estadual e 1% do municipal para a cultura. Juca Ferreira participou da criação de todos eles, primeiro como secretário executivo da gestão Gilberto Gil, depois como seu sucessor.

Pré-Sal. Juca Ferreira também lutou pela inclusão da Cultura no Fundo Social do Pré-Sal (projeto de lei 5940/09), que já foi aprovado com emendas no Senado Federal e retornou à Câmara dos Deputados para apreciação das modificações.

Outra legislação, essa mais polêmica, em exame no Congresso é o anteprojeto de lei que moderniza a Lei de Direito Autoral (Lei 9.610/1998), que tem como principal objetivo abarcar as questões autorais dentro da nova ordem digital. Combatido por setores da área musical, foi acusado de "dirigismo" por associações de classe.

Fonte: Estadão

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Derrotada, Globo recua e faz reportagem emocionada sobre Dilma

Depois de passar meses em intensa campanha contra a presidente Dilma Rousseff, a Rede Globo de Televisão tentou um fazer mea-culpa, já na noite de sua fatídica derrota eleitoral, com uma reportagem emocionada sobre os antepassados da presidente eleita. Da Bulgária, país natal do pai de Dilma, entrevistou parentes distantes e revelou o entusiasmo do país que vibra com a eleição de sua descendente no Brasil. Fica a pergunta: até quando vai durar a mea-culpa da Globo?



 
Fonte: O Vermelho

QUANDO O SER HUMANO SE COISIFICA


Por Ana Helena Tavares (*),


Sempre se soube que o preconceito nasce da intolerância humana. Talvez uma intolerância a si mesmo. Aquele que julga o outro inferior – por cor, origem, credo – só pode sofrer de séria crise de identidade. Quem se ama não tem porque odiar seu semelhante de forma gratuita e baixa.

Já está provado pela ciência – queiram os puristas ou não – que todos nós – paulistas e nordestinos, ricos e pobres, brancos e negros, judeus e palestinos – fazemos parte de uma só raça, maravilhosamente diversificada: a raça humana.

No entanto, na contramão da diversidade humana, muitos cientistas prometem, daqui a algum tempo, oferecer a possibilidade de que se determine, ainda na barriga da mãe, as características de um ser humano, podendo-se, assim, “montar” um filho idealizado segundo a visão de seus pais. Isto pode trazer sérias conseqüências.

Fazer com que o ser humano já nasça perfeito seria criar super-homens para matá-los pela própria perfeição. Ser perfeito é sinônimo de não ter desafios a superar. Não ter desafios a superar é sinônimo de morrer em vida.

Sendo assim, quem vai querer ter em casa grandes gênios e beldades? Só mesmo os insensatos... Que passarão a discriminar o restante.

Ops... Passarão? Estaríamos, com isso, entrando num nazismo disfarçado ou já viveríamos nele?

Recentemente, no dia seguinte à eleição de Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do Brasil, uma onda de ódio xenófobo invadiu o badalado Twitter, provando que parte inominável do ser humano não se guia pela ciência, mas, sim, por seus mais sórdidos instintos. Não digo instintos animalescos, porque o reino animal é formado por seres bem mais dignos de admiração do que os neonazistas de plantão.

Se pudessem, promoveriam um verdadeiro darwinismo social – em que o voto dos paulistas de olhos claros teria peso dois em detrimento dos de “cabeça chata”.

Esquecem, por cegueira de alma, que foram e são os de “cabeça chata”, os negros e as mulheres – ah, as mulheres – que construíram e constroem este país com sangue e suor.

Ignoram, por opção mesquinha, que, um dia, poderão estar sós e, se apenas a mão calejada de um nordestino lhes oferecer abrigo, terão que implorar que nem o gafanhoto à formiga: “Deixe-me entrar?”.

Desconhecem, por desconhecimento mesmo, que não estariam teclando tanta asneira em seus computadores se um filho de carpinteiro (Thomas Edison) não tivesse inventado a luz elétrica.

Querer que o outro seja, pense e aja de acordo com interesses pessoais é querer brincar de Deus. É, enfim, coisificar-se, negando sua própria essência.

*Ana Helena Tavares é jornalista por paixão, escritora e poeta eternamente aprendiz. Editora-chefe do blog "Quem tem medo do Lula?".

Fonte: Ousar Lutar

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Terapia precoce pode ajudar a prevenir autismo

Três anos se passaram desde que Diego recebeu o diagnóstico de autismo, aos 2 anos de idade. Desde então, sua mãe Carmen Aguilar já fez incontáveis contribuições para as pesquisas sobre a síndrome.


Ela doou todos os tipos de amostras biológicas e concordou em manter um diário de tudo o que come, inala ou esfrega na pele. Uma equipe de pesquisadores presenciou o nascimento de seu segundo filho, Emilio. A placenta, algumas amostras de tecido da mãe e as primeiras fezes do bebê foram colocados em um recipiente e entregues para serem analisados.

Atualmente, a família participa de outro estudo: uma iniciativa de vários cientistas norte-americanos que buscam identificar sinais de autismo em crianças a partir dos 6 meses (até hoje, a síndrome não pode ser diagnosticada de forma confiável antes dos 2 anos de idade). No Instituto MIND , no Davis Medical Center da Universidade da Califórnia, os cientistas estão observando bebês como Emilio em um esforço pioneiro para determinar se eles podem se beneficiar de tratamentos específicos.

Assim, quando Emilio mostrou sinais de risco de autismo na sua avaliação de 6 meses – não fazia contato visual, não sorria para as pessoas, não balbuciava, mostrava interesse incomum por objetos – seus pais aceitaram de imediato o convite para que ele participasse de um programa de tratamento chamado “Infant Start”.

O tratamento consiste de uma terapia diária, chamada “Early Start Denver Model” (ESDM), baseada em jogos e brincadeiras. Testes aleatórios têm demonstrado que a técnica melhora significativamente o QI, a linguagem e a sociabilidade em crianças com autismo. Além disso, os pesquisadores dizem que quanto antes tiver início o tratamento, maior será potencial de sucesso.

"No fundo, o que podemos fazer é evitar que uma certa proporção de autismo ocorra," explica David Mandell, diretor adjunto do Centro de Pesquisas de Autismo do Hospital Pediátrico da Filadélfia. "Eu não estou dizendo que estas crianças estão sendo curadas, mas podemos estar alterando suas trajetórias de desenvolvimento ao intervir precocemente, para que elas nunca sigam o caminho que leve à síndrome. É impossível conseguir isso se ficarmos esperando o completo surgimento da doença."

Observação e interação

Sally Rogers, a cientista do Instituto MIND que acompanha a família Aguilar, conta que já enfrentou muitos desafios na adaptação da terapia de crianças de mais de um ano para os bebês. Mesmo os bebês com desenvolvimento normal para a idade ainda não podem falar ou gesticular, muito menos fingir.

Rogers pede que os pais prestem atenção no balbuciar e nas interações sociais simples que ocorrem durante as rotinas normais de alimentar, vestir, dar banho e trocar o bebê.

Durante a primeira sessão com Emilio, de 7 meses, Sally demonstrou aos pais Carmen e Saul jogos de esconde-esconde, cócegas e outras brincadeiras de interação com pessoas. Ela falou sobre as 12 semanas seguintes e como eles fariam para que Emilio trocasse sorrisos, atendesse pelo nome e balbuciasse, começando com uma única sílaba ("ma"), depois passando para duas ("gaga") e mais adiante para combinações mais complexas ("maga").

"A maioria dos bebês vem ao mundo com uma espécie de ímã embutido que atrai as pessoas", explica Sally. "Uma coisa que sabemos sobre o autismo é que ele enfraquece esse ímã. Não é que não se interessem, mas eles têm um pouco menos de atração pelas pessoas. Então, como podemos aumentar nosso apelo magnético para chamar sua atenção? "

A lição número um foi o contato visual. Sally pediu que os pais se revezassem para brincar com Emilio, incentivando-os a ficar cara a cara com o bebê e permanecer na sua linha de visão. Carmen Aguilar inclinou-se sobre o cobertor azul e sacudiu um brinquedo. "Emilio? Onde está o Emilio?"

Do outro lado do espelho de duas faces, um pesquisador acompanhava a sessão e um assistente monitorava três câmeras de vídeo na sala. Sally Ozonoff, que foi a primeira a escolher Emilio para o estudo, parou para observar.

"Ele está olhando apenas para o objeto, embora o rosto de sua mãe esteja a oito centímetros de distância", disse ela. "Ele tem um rosto muito sóbrio e tranquilo".

Saul Aguilar foi o próximo a tentar. Ele colocou Emilio em uma cadeira vermelha feita de um saco de sementes e dobrou os lados sobre o bebê. "Chuá, chuá, chuá!", fez Saul. Nenhuma resposta.

Ele levantou Emilio para cima de sua cabeça e imitou um avião. Emilio olhou para o teto.

Então Saul colocou o bebê de volta na cadeira e pegou um lobo de pelúcia. Pôs o lobo sobre a cabeça e deixou-o cair em suas mãos. "Pschooo! Uuooó!” Finalmente, Emilio olhou. "Isso foi ótimo", disse Sally Rogers ao pai do bebê. "Você colocou o brinquedo sobre a cabeça e ele foi atraído para o seu rosto. Você usou o brinquedo para melhorar a interação social. Ao trazê-lo até o seu rosto, Emilio percebe você."

Cérebro e vivências

Embora as causas do autismo ainda sejam um mistério, os cientistas concordam que existe algum fator genético ou biológico envolvido. Tratamentos experimentais como o “Infant Start” visam abordar o ambiente social em que o bebê vive, para descobrir se as mudanças em casa podem alterar o desenvolvimento biológico da doença.

"As experiências formam os cérebros dos bebês de uma maneira muito física", explica Sally. "As experiências determinam as sinapses; algumas são construídas e outras são dissolvidas."

Na teoria, se um bebê prefere objetos em vez de rostos, uma "cascata de desenvolvimento" pode começar: os circuitos cerebrais que nasceram para a leitura facial são usados para outro fim, como o processamento da luz ou de objetos. Assim, os bebês perdem a capacidade de entender os sinais emocionais transmitidos pela observação de expressões faciais. Quanto mais tempo o cérebro de um bebê seguir este curso de desenvolvimento, mais difícil torna-se a intervenção.

Entretanto, o esforço de frear o autismo através de intervenções antecipadas apresenta um problema científico.

Como não existe um diagnóstico formal de autismo antes dos 2 anos, é impossível distinguir entre os bebês que são ajudados pela intervenção e os que jamais teriam desenvolvido autismo. Os pesquisadores precisam obter uma série de avanços com bebês como Emilio antes de fazer um estudo aleatório, comparando os bebês que recebem o tratamento com aqueles que não o recebem.

Os pais de Emilio estão felizes por seu filho participar da primeira fase do programa piloto. Eles viram o filho mais velho, Diego, progredir tanto na terapia comportamental entre as idades de 3 e 5, que ficam muito esperançosos com o que poderá acontecer com o mais novo.

Saul Aguilar largou o emprego em uma empresa de telecomunicações para cuidar de Emilio e trabalhar em seus objetivos todos os dias. Carmen Aguilar havia deixado seu emprego de assistente social quando o primeiro filho recebeu o diagnóstico. Mas os planos para o futuro tiveram que ser revistos depois da avaliação de 6 meses de Emílio.

"Eu sou a primeira pessoa da minha família a ir para a universidade," diz Carmen Aguilar. "Meu pensamento foi: 'agora já preparei o futuro de meu filho." Mas, depois de saber que Emilio também pode ter autismo, ela diz que "você para de olhar para tão longe no futuro; somos forçados a pensar um dia de cada vez."

Fonte: IG

No ano passado, o então governador de São Paulo, José Serra, vetou o projeto de lei 266/2009, voltado para defenição e diretrizes de uma política de diagnóstico precoce e tratamento dos sintomas da Síndrome do Autismo no âmbito do Sistema Único de Saúde, se mostrando incensivel com a questão, uma vez que o projeto proposto pelo deputado, foi aprovado por todos os deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo. Confira aqui o veto. Confira aqui o projeto de lei.

Caetano vai defender a Bahia ?

ESPERANDO CAETANO



Por Adilson
A recente onda xenófoba que emergiu com força em São Paulo deixou, como se diz na gíria, a bola quicando na quadra e esperando pra ser rebatida por um artista nordestino de expressão nacional que consagrou belíssima música sobre a cidade. Ele mesmo, não precisa nem dizer o nome.

O problema é que hoje, muitos anos depois, nosso grande músico volta e meia aparece nos noticiários envolvido em estranhas polêmicas , como essa em que teria chamado o presidente de analfabeto, ou declarando apoio numa boa a mais expressiva liderança do ultra conservadorismo carioca – que já pregou, entre outras coisas absurdas, livrar os mendigos das ruas com banho de creolina! Aí não dá, isso é o “avesso do avesso do avesso do avesso..” e deixa a gente que aprendeu a gostar dele confuso que só.

Bom, mesmo assim eu quero acreditar que alguma coisa ainda acontece naquele coração baiano que o Brasil inteiro aprendeu a amar com suas lindas canções.

Portanto, reforço minha queixa: Ninguém melhor que Caetano Veloso pra vir num momento como esse defender sua terra, chamar essa bobagem toda de cafona e dizer naquelas outras palavras – que só ele sabe usar – como a união entre os brasileiros é bonita e precisa ser preservada.. Pô, ainda mais agora que ele tem uma coluna só dele no Globo, né.

Caetano é o artista nordestino de maior penetração pros lados do sul, tudo o que ele fala reverbera a pampa, como sabemos. Eu acho que seria mesmo uma voz que o país inteiro gostaria de ver, agora, se levantar em defesa da harmonia do nosso povo, para que cada vez mais baianos, pernambucanos, cariocas, cearenses, mineiros, paraibanos, paulistas etc_ possam continuar a se curtir numa boa, como sempre foi e, se Deus quiser, sempre será aqui no Brasil.
 
Fonte: email encaminhado ao site do Paulo Henrique Amorim

Artigo de José Carlos Triniti Fernandes, Presidente do PT de Sorocaba

A vitória da Dilma Roussef, a primeira mulher a presidir o Brasil, é uma demonstração clara do amadurecimento e do aprimoramento da nossa democracia. O povo brasileiro, que em 2002, elegeu o primeiro operário para comandar os destinos deste pais, certamente não se decepcionou passados quase oito anos de seu governo, pelo contrario, lhe dá uma aprovação recorde, tornando-o o presidente melhor avaliado da história do Brasil. Agora elege a primeira mulher para comandar os destinos do Brasil, uma vez mais os brasileiros não se arrependerão, pois o país continuará crescendo com distribuição de renda.

A eleição da Dilma Rousseff é a garantia das conquistas e dos avanços. É a garantia do tratamento republicano aos municípios, aos governos de estados. O Brasil que antes era conhecido lá fora por ser o país do carnaval e do futebol, hoje passa a ser conhecido também por ser um país que cresce, gera milhões de empregos, tira da pobreza milhões de pessoas, que trata a agricultura com respeito, os idosos, as crianças, as mulheres, os negros, enfim, trata todos sem nenhuma diferença. Governa para todos de maneira igual. Nestes quase oito anos de governo, foram realizadas dezenas de conferências em diversos temas, ou seja, a participação da população foi garantida, seja aqui no município, no estado e nacionalmente. Por isso, que o Brasil é visto com outros olhos lá de fora, por isso, que a autoestima do nosso povo está em alta.

O governo do presidente Lula resolveu todos os problemas do país? É óbvio que não, ele mesmo tem dito isso, ainda há muito por fazer, é verdade, como é verdade também que o presidente Lula provou que é possível fazer. Lula deixa seu mandato construindo catorze Universidades, inclusive uma aqui em Sorocaba, vai construir duzentas e vinte escolas técnicas federais, nossa região foi agraciada com cinco. Possibilitou o ingresso de mais de setecentos mil jovens no Prouni, realizando sonhos desses jovens e de suas famílias, e tantas outras ações na educação. Assim foi na saúde, no meio ambiente, na infraestrutura, no saneamento, na segurança, na habitação, em suma, tudo foi feito, entretanto ainda temos que avançar, por isso, a vitória da Dilma é a garantia destas conquistas e do avanço.

Por fim, quero agradecer a militância do Partido dos Trabalhadores de Sorocaba, que mais uma vez foi às ruas para ajudar na vitória da Dilma Rousseff, é fato, que não vencemos na cidade, ficamos atrás do nosso adversário por uma diferença de sete por cento, mas não foi por falta de empenho da nossa militância que se dedicou muito. Agradecer aos partidos aliados que também tiveram um papel importante nesta luta, o mesmo ao movimento sindical de todas as centrais, a executiva do PT, dos voluntários que todos os dias foram às ruas ajudar na entrega das propostas da nossa candidata. Todos os citados tiveram sua contribuição nesta vitória da democracia.

Quero fazer um agradecimento muito especial aos 139,307 sorocabanos que escolheram a Dilma Rousseff, dando-lhe uma votação expressiva na cidade. Nós do Partido dos Trabalhadores de Sorocaba e dos partidos aliados agradecemos muito. Viva a Democracia! Viva o Brasil!

José Carlos Triniti Fernandes

Presidente do PT de Sorocaba

João Santana: Aécio não venceria Dilma

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o marqueteiro da campanha de Dilma Rousseff, João Santana, declarou que, caso Aécio Neves fosse candidato à Presidência em 2010, Dilma Rousseff também teria vencido. “Aécio poderia ter feito uma campanha mais bonita e mais vibrante do que Serra. Mas mesmo assim seria derrotado”, analisa Santana.


Ainda segundo o marqueteiro, durante a pré-campanha de 2010, houve um erro da oposição ao menosprezar o potencial de crescimento de Dilma e, também, a capacidade de transferência de votos de Lula. “É o período da arrogante, equivocada e elitista teoria do poste”.

Em relação aos erros cometidos durante a campanha, ele considera que os tucanos tiveram uma estratégia equivocada. “Erraram mais eles que insistiram nessa maré hipócrita. Isso, aliás, foi um dos maiores fatores de desgaste e inibição do crescimento de [José] Serra no segundo turno”.

O marqueteiro acredita que a discussão envolvendo questões religiosas, prejudicou bastante o candidato derrotado. “Como abusou da dose, provocou, no final, rejeição dos setores evangélicos que interpretaram o fato como jogada eleitoral e afastou segmentos do voto independente, principalmente de setores da classe média urbana, que se chocou com o falso moralismo e direitização da campanha de Serra”.

Sobre o próximo governo, Santana dá um recado aos políticos: “não subestimem Dilma Rousseff. Este alerta vale tanto para opositores como para apoiadores da nova presidente. Dentro e fora do Brasil já começam a pipocar análises apressadas de que Dilma dificilmente preencherá o grande vazio sentimental e simbólico que será deixado por Lula. E que este será um problema intransponível para ela. Bobagem”

Fonte: Brasilia Confidencial

Apeoesp luta na Justiça contra prova de promoção para professores

O “Diário Oficial” de 29 de outubro publicou a Resolução 70, que fixou a nova bibliografia para a prova dos professores admitidos em caráter temporário (ACTs) e a próxima prova para a promoção por mérito. A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) reafirmou sua posição contra as provas instituídas pela Secretaria da Educação, tanto a dos ACTs como a da promoção por mérito. “A primeira é, na verdade, um instrumento que causa o desemprego e pune os professores, sob o pretexto de selecionar melhor os professores temporários que devem lecionar na rede”, comentou Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, presidenta da Apeoesp. Para Bebel, ainda, a prova de mérito “é um mecanismo excludente e, a nosso ver, inconstitucional, uma vez que permite a uma pequena parcela da categoria vencimentos diferenciados, enquanto a maioria fica estagnada, sem reajuste salariais”.


A presidenta da Apeoesp lembrou que “temos lutado constantemente contra esse mecanismo, tanto nas ruas e praças como no Poder Judiciário”. A primeira tentativa do Estado de aplicar a provinha dos ACTS foi barrada por duas liminares que a Apeoesp obteve na Justiça, o que acabou ocasionando a queda da secretária da Educação, Maria Helena, que não conseguiu defender a prova como instrumento adequado para a admissão de professores. No ano passado, o sindicato entrou com uma outra ação civil pública que discute exatamente a extensa e mal formulada bibliografia que a SEE entende deva ser dominada pelos professores que tencionam dar aulas na rede.

Além disso, com relação à atribuição de aulas dos ACTs, a Apeoesp mantém mais duas ações de cunho coletivo tramitando na Justiça estadual. “Nossa luta é pelo pleno emprego, com concursos públicos em número suficiente para que todos possam se efetivar, de modo que não se tenha mais que falar em provinhas e provões”, comentou Bebel.
 
Fonte: APEOESP