Agencia Estado
SOROCABA, SP - Pré-candidata do PT à Presidência da República, coube à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, defender o governo federal e responder à reportagem publicada na edição de hoje do jornal Folha de S.Paulo, segundo a qual a União teria maquiado balanços oficiais para encobrir atrasos nas principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De acordo com a reportagem, de cada quatro ações destacadas no primeiro balanço do PAC, três não foram cumpridas no prazo programado.
Em discurso durante a inauguração do novo complexo industrial da Case New Holland, em Sorocaba, no interior do Estado, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador de São Paulo, José Serra - provável adversário na disputa pela Presidência da República em 2010 -, Dilma não fez nenhuma referência direta à reportagem da Folha de S.Paulo e usou uma reportagem do jornal Valor Econômico, também publicada hoje, para falar sobre o êxito do PAC.
De acordo com a reportagem do Valor Econômico, empurrados pelo calendário eleitoral e pelo aumento dos gastos do PAC, os investimentos públicos do governo federal cresceram 82,3% no primeiro bimestre do ano, para R$ 4,306 bilhões, ante R$ 2,361 bilhões nos meses de janeiro e fevereiro de 2009. Ainda de acordo com a reportagem, do total investido no bimestre, 84% são "restos a pagar", recursos do exercício fiscal anterior que não foram gastos.
"Para vocês terem uma ideia, nos dois primeiros meses do ano o investimento público no Brasil cresceu de forma muito significativa, quase 80%", afirmou a ministra. "Nesse processo de crescimento, toda demanda por rodovias, portos, aeroportos, hidrelétricas, ferrovias, poços de petróleo da Petrobras, além de saneamento e habitação, alcançam 51% de todo esse aumento", declarou. "Sem dúvida nenhuma vamos assistir neste ano a uma imensa aceleração da demanda de investimento e isso vai resultar num grande benefício para o País como um todo, que é o fato de que vamos gerar empregos de qualidade, com carteira assinada, para muitos e muitas brasileiros e brasileiras."
Vestida de terno vermelho e sempre ao lado do presidente Lula, que visitou as instalações da CNH por cerca de uma hora, Dilma iniciou seu discurso "rompendo o protocolo". Antes de fazer os tradicionais cumprimentos a todas as autoridades presentes à cerimônia, a ministra fez uma saudação especial aos trabalhadores da unidade.
"Presidente, vou pedir licença ao senhor, quebrar o protocolo, exaltar aqui os trabalhadores e trabalhadoras da CNH e dizer que esse é um projeto que tem essa característica: combina a força dos empresários com todo o empreendedorismo e capacidade dos nossos trabalhadores do Brasil. Então saúdo e dou os parabéns a vocês responsáveis aqui por essa abertura", afirmou, sob aplausos dos presentes.
Ao falar sobre as ações do governo federal no combate à crise, Dilma fez questão de afirmar que o Estado de São Paulo, governado por seu provável adversário, o tucano José Serra, foi um dos mais beneficiados pelas medidas. "Sem sombra de dúvida, os anos de 2008 e 2009 tiveram por parte do governo do presidente Lula uma firme determinação no sentido de não deixar que a crise nos abatesse. E essa determinação beneficiou o Brasil como um todo, mas beneficiou de uma forma especial São Paulo pelo fato de que São Paulo é hoje um dos maiores centros produtores de máquinas e equipamentos do Brasil", afirmou.
Reforçando a ideia de que será a sucessora do presidente, a ministra disse que um dos principais méritos de Lula foi reconhecer que o crédito e o consumo eram fatores fundamentais para gerar crescimento econômico. "Nosso mercado consumidor é talvez uma de nossas maiores riquezas. Nossa grande força", afirmou. "Nós passamos de uma situação de cerca de R$ 300 bilhões em crédito disponibilizado para o País em 2003 para R$ 1,4 trilhão hoje. Isso explica a pujança do País."
Dilma fez um agradecimento especial ao diretor-executivo da Fiat no mundo, Sergio Marchionne, que afirmou que o trabalho de Lula conferiu "solidez e estabilidade" ao País. Ele qualificou as ações do governo durante a crise como "consistentes e determinadas". "Suas palavras mostram a clareza de avaliação de um grande empresário internacional a respeito da situação do Brasil, da capacidade de seus trabalhadores e sobretudo da capacidade econômica, política e democrática do nosso País", declarou a ministra.
Dilma também fez questão de citar seu conhecimento sobre a indústria de Sorocaba, onde são produzidos e exportados componentes de usinas eólicas. O desenvolvimento da energia eólica no País foi um dos principais projetos de Dilma quando ocupou a pasta de Minas e Energia. "Aqui em Sorocaba são produzidas talvez as melhores partes para produção de energia eólica do Brasil e no mundo."
Do Blog TERROR DO NORDESTE
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