terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Escola Florestan Fernandes completa cinco anos





Em janeiro de 2005 nasceu a primeira Universidade Popular do Brasil: a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF). A escola nasceu como iniciativa do MST em construir uma instituição de educação superior com cursos técnicos mas que também proporcionasse uma formação crítica voltada para a realidade do campo e para as diversidades sociais e culturais do Brasil. O objetivo é que os estudantes saiam da universidade com capacidade de pensar e articular ações que se contrapusessem ao status quo. No dia 06/02, ocorreu uma série de atividades em comemoração ao aniversário da Escola (ver abaixo).
A inauguração da ENFF surgiu após muitos debates iniciados pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, que durante o 3º Fórum Social Mundial realizado em Porto Alegre, em 2003, propôs aos movimentos a criação de uma universidade popular dos movimentos sociais. A ideia era proporcionar um espaço em que os militantes dos movimentos, cientistas sociais e outros interessados tivessem um espaço de “auto-educação”, independente dos interesses do mercado. Dois anos depois, a universidade é lançada durante o FSM de 2005.

Em artigo publicado em 2003, Boaventura afirma que o objetivo da universidade popular não é “formar quadros e dirigentes de ONG e movimentos sociais”. “O objectivo geral é contribuir para que o conhecimento da globalização alternativa seja tão global quanto ela e que, nesse processo, as ações transformadoras sejam mais esclarecidas e eficazes e os seus protagonistas, mais competentes e reflexivos”, diz o sociólogo no artigo.

O município de Guararema foi o escolhido para abrigar a Escola. Entre os cursos oferecidos pela escola há Filosofia Política, Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política de Agricultura, História Social do Brasil, Conjuntura Internacional, Administração e Gestão Social, além de cursos de especialização em educação no campo, administração cooperativista, pedagogia da terra, planejamento agrícola, técnicas agroindustriais. A Escola ainda mantém convênios com universidades públicas, como o Curso de Realidade Brasileira oferecido na Unicamp, o Teorias Sociais, ministrado na UERJ, Realidade Latino-Americana na UFMG e História na UFPB.

Como todos os cursos são gratuitos, a escola se mantem com doações de movimentos sociais, de estudantes ou com convênios mantidos com outras instituições de ensino. A manutenção da Escola é garantida pelos próprios estudantes, que ficam responsáveis por tarefas e serviços internos da escola.

A Escola Florestan Fernandes é ainda a única iniciativa de universidade popular no Brasil, mas conta com exemplos parecidos em outros países, como a Universidad Campesina San Jose de Apartado (Colômbia), Univesidad Popular Madres de la Plaza de Mayo (Argentina), Universitá Popolare di Roma (Itália) e a Urban Popular University (Estados Unidos).


Publicado originalmente na Revista Fórum

2 comentários:

  1. Muito interessante!
    mas sera que essa universidade só abre as portas para militantes do mst?
    ou nós, pobres proletarios também podemos participar?

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  2. Estudar na Esc. Nascional Florestan Fernandes realmente é um sonho de todos que acreditam no socialismo, eu ja fiz parte desta historia e acradeço a oportunidade oferecida na epoca.
    Parabéns a todos que fazem a Escala Nacional.

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