quinta-feira, 20 de maio de 2010

“Número de leitos em hospitais psiquiátricos de Sorocaba é preocupante”

A afirmação é da Conselheira Federal de Psicologia, Elisa Rosa, durante audiência pública realizada na
Câmara Municipal, que discutiu a Luta Antimanicomial


Pelo segundo ano consecutivo, a Câmara Municipal de Sorocaba, por iniciativa do vereador Izídio de Brito Correia (PT), realizou a audiência pública “Luta Antimanicominal”, em homenagem ao dia 18 de maio, data em que se comemora o Dia Nacional da Saúde Mental.

O movimento da Luta Antimanicomial foi fundado em 1987, quando foi firmado o compromisso em realizar manifestações todo dia 18 de maio, com o intuito de mostrar e conscientizar a população brasileira de que é possível a recuperação de pacientes sem a existência de hospitais psiquiátricos.

Segundo a coordenadora municipal de Saúde Mental, Maria Clara Suarez, Sorocaba conta com quatro hospitais psiquiátricos e dez Centros de Atenção Psicossocial (Caps), sendo que dois deles são para atender pacientes com problemas alcoólicos e outras drogas, um que atende adolescentes e crianças até vinte e nove anos e outro para pessoas a partir de 29 anos, três Caps infantis e outros cinco que atendem diferentes patologias. “Também temos uma oficina terapêutica e quinze residências terapêuticas”, informou a coordenadora.
Para Lúcio Costa, membro do Fórum de Luta Antimanicomial de Sorocaba, FLAMAS, a cidade precisa mudar o modelo existente na cidade. “Temos dez Caps em Sorocaba e apenas três deles são reconhecidos pelo Ministério da Saúde. Em Sorocaba, a iniciativa privada e ONGs fazem a gestão desse serviço, o que não pode acontecer”, enfatiza.

Projetos do governo federal, como o “Consultório de rua”, que visa o fácil acesso ao atendimento de pessoas usuárias de entorpecentes e o “De volta para casa”, foram citados por Lúcio como exemplos de Programas que o Poder Público poderia ter aderido.

Segundo a conselheira federal de psicologia, Elisa Zonerato Rosa, o fato de Sorocaba ter mais de mil pessoas que moram em hospitais psiquiátricos é um caso grave. “São mil pessoas que não têm direito de participar e contribuir na construção da nossa sociedade”, afirma.

Para ela, a cidade precisa que concepções e práticas transformadoras, “pois precisamos convencer muita gente de que transtorno mental se faz em liberdade e que não existem cuidados com privação da sociedade”. Ela também enfatiza que os interesses diversos que sustentam e mantém as mil pessoas dentro de hospital psiquiátrico, que são os interesses econômicos também precisam ser enfrentados. “Os municípios ganham dinheiro do SUS e não investem na gestão adequada, na reforma psiquiátrica”.

A audiência pública também contou com a participação do apoiador municipal de saúde mental de Campinas, Eduardo Camargo Bueno, do membro da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial, Igor da Costa Barizon, da representante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Sorocaba, Maristela Monteiro, da assessoria do deputado Hamilton Pereira, pacientes, universitários, psicólogos e de autoridades e representantes e comitivas dos municípios de Santos, São Bernardo do Campo e Campinas.

As propostas tiradas durante a audiência serão encaminhadas para a Secretaria de Saúde ainda esta semana.

Por Caroline Paineli Gaspari
Assessora de imprensa do vereador Izidio de Brito Correa - PT - Sorocaba SP

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