segunda-feira, 31 de maio de 2010

13 mil moradores de rua e nenhuma política de estado em São Paulo.

Segundo a Folha, um censo realizado no final do ano passado em São Paulo, aponta que 13 mil pessoas, estão em situação de rua.


Apesar das 7 mil vagas em albergues (em sua maioria todas vagas ocupadas), pessoas em situação de rua cresce. Segundo informações, alguns dos motivos para esse crescimento se dão devido o aumento de usuários de drogas que adotam a rua como, condição ou alternativa para o uso desregrado de substancias entorpecente e também, pela migração de pessoas para capital, desprovidas de recursos: material, emocional e/ou familiar, que acabam indo para rua.

O que o KASSAB NUN SABE, é que a administração da oferta de serviços públicos, tem que ser feito pelo poder público e não pode e nem é funcional, terceirizar a responsabilidade, a exemplo da tucanalha do governo do estado, que a qualquer momento vende o Palácio dos Bandeirantes para a iniciativa privada ou para alguma “O.S”, adotando o velho discurso de que isso seria bom para São Paulo.

A migração de pessoas (mesmo que tenha tido um declínio considerável, uma vez que o Brasil vem crescendo e distribuindo renda, ofertando através dos projetos do governo federal, condições de trabalho e inclusão na produção dos setores rurais e regionalizando o desenvolvimento), é um fenômeno natural e esperado, desde que seja planejado e colocado como prioridade (pela prefeitura e pelo governo estadual) soluções para essa demanda.

O que não dá, é continuarmos com a política de higienização, colocando todos em um caminhão de volta para sua cidade, ou investir dinheiro público em albergues terceirizados, vendo nessa prática a alternativa de política de moradia.

Face essa realidade das pessoas em situação de rua, ainda temos a terceirização em massa dos atendimentos, no que se refere o tratamento às pessoas em dependência química, não sendo apresentadas pela prefeitura, alternativas de tratamento público, mantendo o atendimento a essa população em uma lógica totalmente manicomializada, preconceituosa e que não recupera nem viciados em refrigerante.

Assim não dá né DEMO!!

Lucio Costa

Um direito de ser cidadão.

Que o mercado de trabalho é completamente excludente, mesmo que o discurso do trabalho não seja, todo mundo sabe.

A evolução das tecnologias promovem verdadeiras transformações nas relações de trabalho, e constantes condições de mudança a essência humana.

Angustias, desejos (não padronizados como impõe o mercado), tristeza e qualquer tipo de debilidade física, coloca o trabalhador na condição de não apto, para o mercado e a linha produtiva.

O homem-maquina, dotado de saberes, de disposição e preparado, sem qualquer tido de deficiência, é que faz cisão esquizofrênica entre ser(humano) e ser(homem-maquina-humano).

Muitas vezes o obvio, não é tão obvio assim, é o que podemos perceber com a aprovação de um direito obvio, dado aos portadores do vírus HIV.

Hoje os portadores do vírus HIV, ganharam o direito de serem preservados em sua integridade, não sendo mais submetidos às exigências absurdas e inescrupulosas de empresas preconceituosas e excludentes.

A portaria nº 1.246, do Ministério do Trabalho, com base na lei nº 9.029/95, que proíbe a prática de discriminação, as empresas não poderão submeter seus trabalhadores à realização do exame de HIV, de forma direta ou indireta, para contratação, demissão, mudanças de cargos ou qualquer outra questão relacionada ao trabalho, segundo publicação na data de hoje no “Diário Oficial da União”.

Uma conquista, e a garantia de direitos a pessoas que muitas vez, foram considerados por eles, maquinas fora de condições de uso.

Lucio Costa

Aliança propõe combate à pobreza e nova educação pela paz




JANAÍNA MICHALSKI

Aproximadamente 7.000 integrantes de mais de cem delegações encerraram neste fim de semana o Fórum da Aliança das Civilizações da ONU, no Rio de Janeiro, apontando como caminhos para a paz mundial o fortalecimento do combate à pobreza e de um modelo humanitário de educação.

Para a embaixadora Vera Machado, subsecretária de assuntos políticos do Itamaraty, o combate à pobreza deve estar no centro do trabalho pela paz mundial. Ela acentuou a importância de que a comunidade internacional apóie continuamente projetos de impacto sistêmico em regiões historicamente menos favorecidas, como o Haiti, e observou que a pobreza alimenta o extremismo.

“A insegurança econômica pode conduzir facilmente ao racismo, à xenofobia e ao fanatismo. O desemprego, a desigualdade e a fome alimentam o extremismo”.

Os participantes nacionais e internacionais do fórum concordaram que o fim da guerra entre os países começa pelo reconhecimento das diferenças, aprendido na escola. O conflito entre culturas, como os estresses causados pela imigração na Europa, teriam sua solução na educação. Por esse entendimento, os integrantes da Aliança de Civilizações propõem esforços para a conscientização de professores e a confecção de material didático que encoraje a aproximação entre nações.

Segundo Irina Bokova, diretora-geral da Unesco, “temos que educar as crianças para serem cidadãos interculturais do planeta e assim compreenderem melhor uns dos outros”. Irina Bokova disse que a principal preocupação da organização é integrar um sistema de educação humanitária que não apenas atinja as minorias em áreas remotas, mas que atenda às especificidades dessas minorias. Um exemplo seria a reeducação do olhar sobre as mulheres, que sofrem variados tipos de opressão em todo o mundo.

“Esse terceiro fórum reforçou a dimensão global da aliança, não esquecendo os problemas que causaram a sua criação, mas alargando o entendimento sobre questões pontuais”, concluiu Jorge Sampaio, ex-presidente de Portugal e alto representante para a Aliança de Civilizações. Para ele, os povos têm que se entender, mas isso não basta.

“É preciso haver soluções políticas, evolução econômica, fim da crise financeira e ações sérias para a diminuição da fome”.

Fonte: Brasilia Confidencial

Movimento cultural quer garantir política de Estado

Pontos de Cultura se articulam para assegurar continuidade do Programa Cultura Viva após mudança de governo


O articulador social Paulo Barbosa viajou com o ponto de cultura tradicional africana Rede Mocambos da região Sul do país até o Nordeste para mostrar seus costumes, músicas, cores e tradições. Assim como ele, 2500 pontos de cultura se reuniram no Teia Brasil 2010: Tambores Digitais. O encontro ocorreu no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza, de 25 a 31 de março. Com apresentações artísticas e muitos debates, os agentes culturais defenderam a consolidação do Programa Cultura Viva como política de Estado.

O Programa Cultura Viva é uma iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) para promover as ações culturais existentes nas comunidades brasileiras. Os projetos artísticos e culturais selecionados, através de editais, recebem subsídios no valor de R$ 185 mil para impulsionar as ações da comunidade, como bibliotecas comunitárias, grupos de dança, teatro e diversas outras ações. Assim surgem os pontos de cultura.

Para o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, o programa é parte integrante de um todo maior. “Precisamos regulamentar toda a relação e a disponibilização da verba pública para que toda a área cultural do país, sem discriminação territorial ou social, receba os recursos”, afirma ele.

Célio Turino, secretário da Cidadania Cultural do MinC e idealizador do projeto, explica que antes o ministério não estava preparado para integrar esses pontos, pois as produções ficavam centralizadas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. “O Cultura Viva traz uma articulação e uma proposta de política nacional de cultura que amplia as expressões”, completa Turino.

Em rede

Além de estimular a preservação e construção das culturas populares, o Cultura Viva, por meio da ação Cultura Digital, busca integrar em rede as iniciativas artísticas regionais. Para isso, ao ser selecionado, cada ponto de cultura deve investir parte do valor recebido na aquisição de tecnologias e montagem de um centro multimídia.

É assim que Paulo Barbosa pretende dialogar com grupos de cultura quilombola e levar, através da internet, as tradições e costumes desse povo. Uma das apostas é a produção de um blog para garantir o compartilhamento em rede.

Essa conexão, na opinião de Geo Britto, Coordenador de Projeto do Teatro do Oprimido e Coordenador do Fórum Nacional de Pontos de Cultura, é o principal avanço do programa pontos de cultura. “Sabíamos que existiam grupos, mas não havia diálogo entre eles”.

Integração Cultural

A aproximação da diversidade cultural espalhada pelo país também se dá nos Grupos de Trabalho, discussões que ocorrem na Teia Brasil, e os Fóruns Regionais e Estaduais. Entretanto, é no Fórum Nacional, em um processo de avaliação conjunta entre integrantes de pontos de cultura, que propostas políticas são elaboradas para fortalecer o setor.

Dentro da Teia Brasil 2010, ocorreu o III Fórum Nacional dos Pontos de Cultura. Nonato Chacon, do Ponto de Cultura Teatral “A Bruxa ta Solta”, destaca do encontro a discussão sobre a criação de uma agenda política para o Programa Cultura Viva. A preocupação é criar estratégias para a continuidade do programa após a mudança de governo.

“Estamos querendo fazer uma mobilização nacional, pegando assinaturas dos Pontos de Cultura”, explica Chacon. No Fórum não houve tempo para elaboração da proposta, mas o debate continuará através de um Fórum Virtual e a documento de reivindicação deverá sair em uma semana.

Para o coordenador do Fórum, Geo Britto, o exercício praticado nos Fóruns, é parte de uma gestão compartilhada. Com uma analogia às manifestações estudantis e sindicais, o coordenador vê, na união dos pontos de cultura, a emergência de um novo movimento, o movimento cultural.

Construção Colaborativa

A pluralidade da Teia Brasil 2010 não estava apenas nos rostos, mostras artísticas e nos artesanatos vendidos na Feira Solidária. A cobertura jornalística do evento apostou no modelo colaborativo e na integração de várias mídias; rádio, blog e vídeos.

E foi com uma câmera na mão que a jovem Nathalia Alves, estudante de jornalismo do município de Santos, na cidade de São Paulo, garantiu imagens do evento. Natália, assim como toda a equipe de comunicação colaborativa, participou de um processo seletivo que escolheu pessoas de todos os lugares do país. O conteúdo era construído em conjunto, sem uma fórmula ou linha editorial definida.

Da cobertura colaborativa, Nathalia leva a experiência. Ela explica que todo o processo de construção dos conteúdos é um experimento, pois não há uma pauta pronta e fechada, mas o grupo vai experimentando e criando a cada momento. A estudante acredita que o modelo colaborativo e a comunicação digital são passos importantes para iniciar um novo momento na história da comunicação, com a informação descentralizada. O conteúdo da equipe está no Blog Cultura Digital – Teia 2010.

Teia Brasil

A Teia Brasil é um evento anual. Esta foi a 4º Edição e ocorreu no Centro de Cultura Dragão do Mar, em Fortaleza – CE. “Pela primeira vez o espaço foi utilizado em sua plenitude, que é a diversidade cultural”, comemorou a presidente do Dragão do Mar. As edições anteriores ocorreram em São Paulo; 2006, Belo Horizonte; 2007, e Brasília; 2008.

Além da Teia Brasil, os pontos de cultura podem se reunir em Teias Regionais e Estaduais.

Fonte: Brasilianas

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Razão e Paixão

O discurso da esquerda necessariamente parte da denúncia da realidade das nossas sociedades. Busca revelar as mazelas da realidade, às vezes avança na compreensão das raízes dos problemas. Essa é uma atividade permanente e indispensável da militância de esquerda, na luta por uma sociedade justa, solidária, humanista.

Porém, a denúncia e até mesmo a análise das raízes dos problemas são práticas necessárias, mas não suficientes, se não desembocarem em propostas, em alternativas superadoras dos problemas apontados. Os intelectuais e algumas organizações da esquerda se limitam às vezes às denúncias, alguns inclusive reivindicam o papel de “desmascarar” o que consideram ser falsidades propagadas por outros setores da esquerda, como se a verdade pudesse ser resultado da simples denúncia.

O marxismo, que constitui o melhor método de análise e fonte de projetos transformadores da realidade, pretende ser não apenas uma interpretação nova da realidade, mas ter no seu bojo, intrinsecamente, projetos de transformação revolucionária do mundo. Não existe separação entre análise e ação política para o marxismo. Nas palavras de Álvaro Garcia Linera, ele mesmo intelectual revolucionário e dirigente revolucionário boliviano, não pode haver separação entre razão e paixão.

O intelectual tende a privilegiar a teoria – os princípios, a teoria em estado puro – em detrimento da utilização do método dialético, que busca a verdade concreta nos processos históricos realmente existentes. A verdade é concreta, costumam ressaltar sempre Lenin e Gramsci. E não se trata de que a análise sem proposta de intervenção concreta fica incompleta. Não. A análise desvinculada da perspectiva de intervenção não capta os fios que articulam a realidade e perde a capacidade de compreensão da realidade também. As propostas de superação das contradições da realidade existente são um momento de julgamento da veracidade das análises, são a prova concreta de que as análises captaram a realidade na sua dinâmica profunda.

Não por acaso os intelectuais tendem a visões ultra-esquerdistas, quando desvinculados da prática concreta. Porque, entre a pureza da teoria e a impureza das formas concretas que assumem os processos políticos, ficam com a primeira, contrapondo-se à realidade concreta, desqualificada como “impura”. Tendem ao pessimismo e à inação.

Como contrapartida, o pensamento dialético, buscando captar a realidade no seu movimento, articulado em torno das contradições, tende a projetos que apontam para espaços de ação, de acumulação de forças, de intervenção,, de transformação da realidade, de paixão intimamente vinculada à razão.

Fonte: Carta Maior

Só para relembrar. A globo do lado contrário a democracia - hoje ao lado de José Serra e Alckmin.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Qualquer similaridade com Sorocaba, é mera realidade - A Esquizofrenia e a Estrela de David

Em 1938, a chamada “Noite dos Cristais” marca o início da perseguição aos judeus na Alemanha e na Áustria. Posteriormente, os judeus são confinados em bairros determinados e obrigados a andar com a estrela de David estampada em papelete amarelo e pregada junto a roupa, de forma que fossem facilmente identificados.

Esse segregacionismo também é estendido aos ciganos, comunistas, homossexuais e, inclusive, aos doentes mentais. A Alemanha de Hitler exterminou e perseguiu milhões de pessoas constituindo-se como uma das mais horrendas e vergonhosas páginas da história do Homem. Infelizmente o preconceito e perseguição às minorias chegam até os nossos dias, seja pelo viés das piadas e comentários de gosto duvidoso, seja por grupos organizados como os “skinheads”.

Em 20 de abril de 2010, ao retirar o medicamento do qual faço uso na “Farmácia de Medicamentos Especializados”, em Santos, gerenciada agora pela Cruzada Bandeirante São Camilo, sob os auspícios da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, recebo uma carteira amarela com enormes carimbos estampados: ESQUIZOFRENIA.

Confesso que num primeiro momento a única coisa em que pensei foi que havia em minha testa uma tatuagem, um carimbo com meu diagnóstico estampado para que todos pudessem apontar e dizer: “Lá vai o Esquizofrênico”. Teria sido apenas um “ato falho” da burocracia? Quem sabe uma ação inconsciente do recém-admitido gestor da farmácia? Ou seria, então, uma política pensada e planejada para expor e reafirmar o estigma das pessoas?

A Lei 10.216 (chamada Lei Paulo Delgado), assim como outras leis específicas da legislação médica, é ferida frontalmente na medida em que o sigilo do diagnóstico estabelecido em prontuário médico é, escancaradamente e em letras garrafais, divulgado. A “Carteira do Esquizofrênico”, nesse sentido, é uma afronta ao bom senso. Mais do que isso, é ilegal, dissemina o preconceito, ofende a ética e, sobretudo, causa revolta.

Todo o trabalho, treinamento, aprimoramento, debates, documentos, fóruns, leis promulgadas, etc., é jogado por terra por atos que denotam a verdadeira face de governantes descomprometidos com os avanços conquistados pelas lutas dos doentes mentais. A “Carteira do Esquizofrênico” mostra a verdade, ela rotula nossas misérias para calar a nossa voz.

Um governo que se nega a convocar a Conferência Estadual de Saúde Mental; que pouca importância dá a Saúde Mental de nosso município; que sucateou os serviços do Hospital Guilherme Álvaro para entregá-lo à iniciativa privada; que sucateou a antiga “Farmácia de Medicamentos de Alto Custo” para mais uma vez entregar um serviço público à iniciativa privada e que, em conjunto com a Prefeitura Municipal de Santos, vem precarizando os NAPS, só poderia mesmo mostrar todo o seu pensamento em relação a nós, usuários dos serviços, num “ato falho”: a “Carteira de Louco”.

A burocracia burra e mal intencionada é um dos braços desta máquina de estigmatização. Primeiros os loucos, depois os pobres, depois os negros, e assim por diante, até que todas as vozes contrárias sejam suprimidas.

O passo seguinte ao de retirar a nossa voz é nos colocar novamente nos manicômios (ou nos trinta novíssimos leitos psiquiátricos recém abertos pela Cruzada Bandeirante São Camilo) e, retrocedendo ainda mais, aplicar-nos castigos como o “eletrochoque”, a “solitária” e outros métodos sádicos, que brotam na mente dos que administram as instituições desse caráter, chegando, por fim, à tão sonhada volta da lobotomia, em que o Estado poderia estar livre de despesas e questionamentos.

Não, não tenho vergonha de ser Esquizofrênico. Mas também não posso dizer que fácil lidar com o preconceito. Por todos os lugares onde tento fazer valer a minha cidadania, logo vem a taxação: é louco! Também não é raiva o que sinto, nem indignação. É um sentimento de impotência frente a esta máquina tão poderosa que fatalmente irá desconsiderar meu desabafo com apenas um argumento: “é louco”. E isto é o que faz minhas pernas e meu corpo fraquejarem, mas parafraseando Cazuza no final de sua vida, morro atirando.

Por Edinho - usuário do Nucleo de Apoio Psico-Social II (NAPS) - Santos 

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O SUS


Um sistema efetivamente de Saúde, e não de tratamento de doenças, pautado na lógica da prevenção de doenças e promoção da saúde e nas ações intersetoriais, fundamentais na construção do seu arcabouço estruturante. Um sistema financiado de forma tripartite, de acordo com as suas reais necessidades e levando em consideração a capacidade de cada ente federado. Um sistema eminentemente público, que não exclui a possibilidade de exploração da saúde pelo setor privado e que considera a possibilidade de sua participação complementar.

Um sistema universal, integral e democrático, com a experiência única de participação de todos os atores sociais na definição das suas estratégias e no acompanhamento das suas políticas e da sua fiscalização, inclusive nos aspectos financeiros. Por fim, um sistema com responsabilidades na formação e na qualificação da sua força de trabalho, num permanente processo de aperfeiçoamento e valorização e na indispensável e insubstituível ação multiprofissional de forma integrada.

Um sistema quase perfeito num país autoritário, concentrador de renda e excludente, que só se viabilizou legalmente graças a um momento privilegiado da nossa história, com uma conjunção única de fatores, a militância pela Reforma Sanitária em plena efervescência e a redemocratização.

Exatamente em função do seu conteúdo transformador, em apenas 21 anos o Sistema Único de Saúde promoveu uma verdadeira revolução no Brasil. Moléstias foram praticamente erradicadas, o perfil sócio epidemiológico evoluiu significativamente, a expectativa de vida se ampliou rapidamente, melhorou substancialmente a qualidade de vida do nosso povo e temos um sistema gigantesco, que está entre os maiores do mundo e disponibilizado à população sem nenhum custo adicional. No entanto, esse mesmo sistema apresenta profundas distorções e está, em função disso, em vias de ser inviabilizado.

Apesar de experiências importantes, porém pontuais, na perspectiva da prevenção, continuamos presos a uma lógica dos leitos hospitalares, dos medicamentos de alto custo, dos exames laboratoriais especializados e do profissional médico. Os profundos limites orçamentários dos municípios brasileiros, o descumprimento solene e sistemático da Emenda Constitucional 29 pela imensa maioria dos estados e a sua não regulamentação pelo Congresso Nacional, somados a ocupação da gestão por grupos organizados, que administram os serviços de acordo com os interesses dos poderosos de plantão, tornam o SUS um sistema com um subfinanciamento crônico. Apesar da definição teórica de sistema público, fomos atacados pela ação patrimonialista dos grupos políticos e econômicos, que promoveram um verdadeiro assalto ao SUS, iniciado com a massiva contratação de serviços em substituição aos públicos, avançaram na gestão do trabalho por meio dos processos de terceirização de mão de obra, e que nesse momento dão o golpe final e mortal com a privatização da gerência dos serviços públicos através das organizações sociais, OSCIPs, Fundações e congêneres. Tudo à revelia da Lei. As diversas experiências realizadas no mundo comprovam inexoravelmente que é impossível se financiar plenamente um sistema de saúde que se propõe universal e integral, na lógica de mercado.

Conselhos de Saúde com profundas limitações na sua organização e tendo o sistemático desrespeito às suas deliberações como regra, e uma força de trabalho precarizada na forma de contratação e remuneração, com brutais diferenças de tratamento salarial e sem perspectivas de evolução profissional, completam o quadro de agonia desesperadora que o SUS enfrenta.

Temos na prática, portanto, uma fantástica e includente proposta social que pode ser inviabilizada muito rapidamente, em função das enormes diferenças entre o seu arcabouço jurídico teórico e a sua execução e pela impunidade que infelizmente tem sido a regra em todos os quadrantes do país e em todas as esferas de governo. Apresentamos ao país, através da Caravana Nacional em Defesa do SUS, ao Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e ao Ministério da Saúde, e estaremos apresentando brevemente ao Congresso Nacional e ao Presidente da República, a nossa agenda política com vistas à superação de todos esses problemas, a seguir:

- Prover os serviços de autonomia administrativa e financeira estabelecendo o Contrato de Gestão e o permanente processo de avaliação com instrumento de relação entre os entes públicos;

- Profissionalizar a administração pública até o cargo de diretor, como forma de extinguir a exploração política do sistema e combater a ineficiência;

- Criar a carreira única do SUS com responsabilidade tripartite na contratação e na remuneração, de forma pactuada, e contemplando o estímulo à qualificação, interiorização e dedicação exclusiva;

- Serviço Civil em Saúde de pelo menos dois anos em toda a rede do SUS, para todos os profissionais graduados na área de saúde;

- Alterar a Lei de Responsabilidade Fiscal no que diz respeito às reais necessidades de contratação de profissionais para a rede pública, combatendo assim a terceirização e a precarização da força de trabalho;

- Aprovar no Congresso Nacional, a Lei de Responsabilidade Sanitária;

- Regulamentar a Emenda Constitucional 29, contemplando a criação da Contribuição Social para a saúde;

- Elaborar um projeto nacional de fortalecimento da rede pública estatal, bem como contribuir com os municípios com a finalidade de estruturação da rede de atenção primária em todos eles.

Por Francisco Batista Júnior - Presidente Conselho Nacional de Saúde

A luta antimanicomial e experiência da loucura

Numa entrevista ao jornal Corriere della Sera, em 11/set./1981, quando da morte do psicanalista Jacques Lacan, Michel Foucault afirmou: “ser psicanalista para Lacan supunha uma ruptura violenta com tudo o que tendia a fazer depender a psicanálise da psiquiatria, ou fazer dela um capítulo sofisticado da psicologia. Ele queria subtrair a psicanálise da proximidade da medicina e das instituições médicas, que considerava perigosa. Ele buscava na psicanálise não um processo de normalização dos comportamentos, mas uma teoria do sujeito”.


Lembrei-me dessa entrevista enquanto pesquisava na internet as notícias das diversas atividades realizadas em todo Brasil pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no Dia Nacional de Luta Antimanicomial, celebrado na última terça-feira (18/maio). A data foi escolhida em 1987 em Bauru, São Paulo, onde ocorreu o Congresso de Trabalhadores de Serviços de Saúde Mental. As atividades serviram para chamar a atenção da sociedade para as diferentes práticas de acolhimento às pessoas abatidas pelo sofrimento psíquico. O evento merece todo o respeito e apoio num momento em que ocorrem as plenárias municipais e estaduais para escolherem os delegados que participarão, com direito a voz e voto, da IV Conferência Nacional de Saúde Mental.

No site do Ministério da Saúde, a Política Nacional de Saúde Mental, apoiada na Lei 10.216/02, é apresentada com o seguinte objetivo: “busca consolidar um modelo de atenção à saúde mental aberto e de base comunitária. Isto é, que garante a livre circulação das pessoas com transtornos mentais pelos serviços, comunidade e cidade, e oferece cuidados com base nos recursos que a comunidade oferece. Este modelo conta com uma rede de serviços e equipamentos variados, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III). O Programa de Volta para Casa, que oferece bolsas para egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos, também faz parte desta Política”.

Os serviços de saúde pública voltado ao atendimento “de pessoas com transtornos mentais” partem de determinadas circunstâncias históricas que envolvem aspectos políticos e epistemológicos (a construção de um saber sobre a loucura). A construção de diagnóstico e o tratamento da experiência da loucura dependem de uma definição básica: a loucura é uma doença mental. O próprio conceito de “transtorno mental” para designar as pessoas abatidas pelo sofrimento psíquico já está contido nessa premissa básica. Mas desde quando a experiência da loucura foi designada como doença mental?

A criação dessa data comemorativa deu visibilidade ao Movimento da Luta Antimanicomial que, por sua vez, seguia os trilhamentos do movimento da antipsiquiatria instaurado pelos surrealistas na França e o pela Reforma Psiquiátrica, surgido na Itália nos anos 70. As condições de confinamento asilar dos manicômios psiquiátricos foram denunciadas ao longo de décadas e travou-se uma luta contínua para libertar os loucos da condição subanimal em que viviam. O Museu da Loucura em Barbacena (MG) nos dá um exemplo da situação retratando quem eram os loucos internados nos manicômios:


As práticas de internamento da loucura possuem uma história. Até 1650, a cultura ocidental foi estranhamente hospitaleira à experiência da loucura. A partir daí ocorreu brusca mudança: o mundo da loucura vai se tornar o mundo da exclusão. Por toda a Europa, a prática do internamento era uma medida de assistência social, sem vocação médica alguma. Na França, por exemplo, cada grande cidade terá seu Hospital Geral, para onde são encaminhamos os loucos, os pobres inválidos, os velhos na miséria, os mendigos, os desempregados, os usuários de ópio, os portadores de doenças venéreas e demais rebotalhos sociais. O internamento não visava ao tratamento específico dos loucos. Seu propósito, até a Revolução Francesa, era reestruturar o espaço social: fazer uma higienização das ruas e praças, recolhendo todos os desvalidos e encaminhando- os à internação no Hospital Geral. O modelo republicano implantado libertou os pobres e desvalidos do internamento, reservando o espaço apenas para os loucos: os herdeiros naturais do internamento.

Foucault em seu livro-acontecimento História da Loucura na Idade Clássica (Ed. Perspectiva) , delineou a constituição histórica da loucura como doença mental, afirmando que, antes do século 19, a experiência da loucura era bastante polimorfa, tendo sido com o advento das práticas de internamento no Hospital Geral que a categoria de doença mental começou a ser construída para diagnosticar os loucos e aplicar técnicas corretivas de tratamento: “numa época relativamente recente o Ocidente concedeu um status de doença mental à loucura e as práticas de internamento adquiriram uma nova significação tornando-se medida de caráter médico”. É nesse contexto que a psiquiatria será inventada e uma psicopatologia, construída.

A atualidade da luta antimanicomial está diretamente ligada às reivindicações por políticas públicas que possam acolher em tratamento e cuidados aqueles afetados pela experiência da loucura. Ocorre que a loucura perdeu seu diagnóstico diferencial ao ser subjulgada pela categoria de doença mental. Os protocolos e consensos na comunidade científica definem a experiência da loucura como doença mental e determinam políticas públicas de atendimento em saúde mental. Os diagnósticos da loucura, feitos com base no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM IV) e na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10), dominam hegemonicamente os discursos e práticas de atenção à saúde mental e pouco contribuem para um avanço significativo no tratamento da experiência da loucura.

Como os trabalhadores do campo da saúde mental podem se desvencilhar dessa armadilha construída historicamente que captura os discursos e práticas de resistências? Como os cuidadores, que acolhem os abatidos pelo sofrimento psíquico, podem restituir a experiência da loucura como um modo de enunciação da verdade do sujeito, como um grito de desespero e demanda de amparo?

Por  Márcio Mariguela

Psicanalista e Professor de Filosofia

PMs paulistas em tratamento psicológico


Do Blog do Luis Nassif
A matéria abaixo confirma os problemas graves que estão ocorrendo com a PM paulista. Aumentam as mortes de civis, aumentam os problemas psicológicos dos policiais. Esse quadro de descalabro é fator de insegurança geral. A gloriosa PM paulista, primeira ogrniazação que pensou em programas de qualidade no estado, está colocando em risco cidadãos e sua própria história. Há um general Patton nessa tragédia, precisando ser enquadrado.

Do Folha

Aumenta número de PMs em tratamento psicológico

A cada dia, dez policiais militares de SP são afastados; aumento de 46%. Programa é voltado aos policiais envolvidos em ocorrências de alto risco; PMs dizem que atendimento é precário.

ANDRÉ CARAMANTE

DE SÃO PAULO

O número de policiais militares afastados do patrulhamento nas ruas do Estado de São Paulo para tratamento psicológico subiu 46% neste ano. São dez baixas por dia. Dados da Corregedoria da PM (órgão fiscalizador) apontam que 907 policiais foram encaminhados para o Programa de Acompanhamento e Apoio ao PM, no primeiro trimestre de 2010. No mesmo período de 2009 foram 622 -sete a cada dia. O programa psicológico da PM é voltado principalmente para os policiais envolvidos no que o comando da corporação classifica como “ocorrências de alto risco”, quando ocorrem troca de tiros nos chamados casos de “resistência seguida de morte” no horário de trabalho do PM.

A denominação “resistência seguida de morte” não existe no Código Penal. Quando usada pela Polícia Civil para registrar supostas trocas de tiros envolvendo PMs, quem morreu figura como investigado e quem matou (o policial) é a vítima. O atual aumento de inserções de PMs no programa psicológico coincide com o crescimento da letalidade policial no Estado. A comparação entre o primeiro trimestre de 2009 e o deste ano revelou alta de 40%: subiu de 104 para 146 mortos, isso nos casos de “resistência seguida de morte”.

PMs que já passaram pelo setor psicológico relatam que o atendimento é precário, com profissionais improvisados na função e rejeitado pelos “praças” (soldados, sargentos e cabos), os que estão nas ruas no dia a dia. Procurada, o comando da PM não comentou.

PERDA FINANCEIRA

Quando o PM é inserido no programa psicológico, ele fica praticamente 30 dias fora das ruas e cumpre escala de segunda a sexta-feira. No programa psicológico para os PMs da capital, por exemplo, os policiais passam os 30 dias de afastamento das ruas em atividades físicas, de relaxamento, passeios a museus, atividades lúdicas, cursos de orçamento doméstico etc. Há também conversas com os psicólogos do programa, que decidem quando eles voltarão às ruas. “Não existe corpo de psicólogos na PM de São Paulo. Tudo é feito com improviso”, diz o deputado estadual Sérgio Olímpio Gomes, o Major Olímpio (PDT), um dos que têm a defesa do policial como bandeira política.

“Cada batalhão devia ter o seu psicólogo. Isso evitaria que muita coisa ruim acontecesse, mas não é o que se vê nos 102 batalhões da PM no Estado. Muitas vezes, o policial sai às ruas à beira de um ataque de fúria e ninguém está lá para ver isso”, afirmou.

662 MORTOS PELA PM

Durante todo o ano passado, ainda segundo a Corregedoria da Polícia Militar, 662 pessoas foram mortas no Estado por policiais, seja no horário de trabalho ou no período de folga -média diária de 1,81 vítima. Foram 82 PMs mortos em 2009 -66 na folga e 16 no horário de trabalho.

O homem que aniversaria duas vezes - Um homem que dedica sua vida ao coletivo!



Primeiro de abril de 2002. Ele passou manhã e tarde numa reunião sobre planejamento estratégico no PT (Partido dos Trabalhadores) em Sorocaba. Depois, foi curtir os filhos. Estava sentado no sofá vendo televisão quando apagou. Acordou no hospital Albert Einstein em São Paulo. Havia sofrido um acidente vascular cerebral hemorrágico. Foi operado pelo dr. Marcos Stavalli, que havia regressado naquela semana dos Estados Unidos, onde se especializara em cirurgias cerebrais. E recebeu uma boa notícia: “Deputado Hamilton Pereira, o que aconteceu foi um milagre. Acidentes como esse geralmente causam a morte, mas o senhor se recuperará e terá vida plena. Lembre-se em comemorar seu aniversário em mais uma data: 2 de abril, o dia em que o senhor renasceu”.
Hamilton Pereira, deputado estadual, vai comemorar 56 anos no próximo dia 8 de julho. Comenta feliz o dia em que recebeu o “grande milagre”. Quando acordou, estavam ao seu redor os deputados médicos Roberto Gouveia, do PT e Valter Feldmann, do PSDB, além da equipe médica do doutor Stavalli. Nela, um sorocabano, o dr. Francisco Carlos de Andrade Filho.
Abro parêntesis aqui: Francisco é filho do cardiologista Francisco Carlos de Andrade, que Sorocaba conhece como doutor Neto ou Netinho. Desde que nasceu era chamado de Neto pela família. “Há alguns anos, acrescentou em cartório o Neto em seu nome até por questão de marketing”, lembra o amigo Nilson Costa, dentista e humorista. Nilson entrou no jardim de infância aos 3 anos, junto com Neto. Sempre foram ligados. E brinca: “O Neto foi grande pivô no basquetebol sorocabano e tinha o apelido de Fuminho. Ele nunca fumou maconha, mas era moreninho... O seu irmão caçula, Marco Antonio de Andrade, médico ortopedista e grande atleta na juventude, ganhou o apelido de Furacão porque era um baixinho agitado, que deixava os adversários vendo brisa...”)
Voltando ao Hamilton, ele mora há anos num pequeno condomínio do Jardim São Guilherme. Não tinha posses para arcar com o custo do “Albert Einstein”: R$ 100 mil. Porém, os líderes dos partidos na Assembleia Legislativa se reuniram e pediram aos 94 deputados que autorizassem o desconto de 50 reais mensais, durante doze meses, em seus salários para ajudar o pagamento. 88 aderiram. Ainda, Luiz Inácio Lula da Silva veio a Sorocaba para participar de um jantar pró Hamilton Pereira, no Sorocaba Park Hotel, com adesão de mil reais por pessoa. Assim a conta foi paga.
Aí é que entra o melhor da história: Hamilton Pereira sempre foi combativo e, na Assembleia Legislativa, alguns debates pegam fogo. Muitos parlamentares chegam a se tornar inimigos, devido troca de ofensas. Como atuante do PT, ele viveu momentos de tensão com vários adversários. Ao voltar à Assembleia, ocupou a tribuna e falou sobre humildade, gratidão e amor. Agradeceu o companheirismo demonstrado por todos e chegou a derramar lágrimas pelo gesto generoso recebido, “acima de divergências pontuais ou interesses partidários”. Quanto terminou o discurso, os deputados se levantaram e o aplaudiram longamente. Foi momento marcante e inesquecível naquela casa de leis.
Passagens assim raramente são contadas pela imprensa, mesmo reportando o que existe de melhor no ser humano. Eu gosto de lembrá-las, pois todos vivemos momentos fantásticos e que tornam a vida deliciosa, valorizada, apaixonante. Conhecendo-as, aumentamos nossa confiança nas pessoas e acreditamos num futuro sempre melhor.
Fonte: Jornal Bom Dia

terça-feira, 25 de maio de 2010

Le Monde defende candidatura de Lula para Secretário Geral da ONU

Brasil de Lula em todas as frentes


Lula aqui, Brasil pra cá! O mundo se maravilha com as declarações do presidente brasileiro e com os feitos - não somente no campo do futebol - de seus cidadãos.

Ouvimos Luiz Inácio Lula da Silva repreender a Alemanha por sua relutância em salvar a Grécia, e oferecer sua mediação no conflito israelo-palestiniano.

Vimos-no tentando resolver a questão nuclear iraniana, associado aos turcos, e apoiar os argentinos em seu conflito contra os britânicos sobre as ilhas Malvinas e o petróleo lá existente.

Mas "o homem mais popular do mundo", segundo Barack Obama, não se apóia apenas em seu carisma para falar alto e forte. Ele encarna um Brasil em plena forma que, depois de uma leve turbulência provocada pela crise, rivaliza com China e Índia em termos de crescimento.

Petrobras, o grupo de petróleo que se tornou a empresa mais lucrativa da América Latina, a Vale, líder mundial em ferro, a Embraer, fabricante de aviões que pode superar a Boeing e a Airbus antes que se espera, são apenas os botões florais de uma economia industrial de primeira ordem.

Do lado agrícola, o crescimento é igualmente impressionante, valendo ao Brasil o título de "celeiro do mundo". Soja, açúcar, etanol, café, frutas, algodão, galinhas, etc, tornam-no um competidor terrível para os agricultores europeus.

Foi somente em 2008, contudo, que o Brasil tomou consciência de suas capacidades económicas. Até então, ele negociava junto à Organização Mundial do Comércio, mas de uma forma um pouco tímida. A crise originada nos Estados Unidos e o colapso da produção industrial dos chamados países avançados, persuadiram-no que chegara a hora de partir para a ofensiva.

Agora é o Brasil, brilhantemente representado por seu ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, quem lidera os esforços para uma solução definitiva das negociações da Rodada de Doha. Em comparação, os Estados Unidos parecem mergulhados num protecionismo acanhado de uma outra era.

Menos temido que China e Índia, com seus bilhões de habitantes, melhor avaliado que a Rússia, dependente de matérias-primas, o Brasil é o verdadeiro porta-voz das economias emergentes que puxam o crescimento mundial. Com o eixo econômico do mundo se deslocando em direção ao sul, ele pôde afirmar com razão que aqueles que superam os países do Norte em vitalidade sejam melhor representados nas instâncias internacionais, a começar pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional. Sem esquecer o Conselho de Segurança da ONU, no seio do qual o Brasil aspira deter uma cadeira de membro permanente.

Parece que "o século XXI será o século dos países que não tiveram chance antes" e porque ele considera que chegou apenas "à metade de sua carreira política", Lula (65 anos) poderá apresentar sua candidatura à secretário geral da ONU em 2012. Ele deverá assim militar pelo aprimoramento do G20, cuja influência ele julga "ainda muito fraca".

Ainda ouviremos falar muito deste ex-metalúrgico, amigo das favelas e dos investidores. Ainda ouviremos falar muito deste Brasil, que apenas inicia um período de grande crescimento econômico e político.
 
Fonte: Juina Vermelha

Brasil reduziu em mais de 60% mortalidade de crianças com até 5 anos

Em vinte anos, o Brasil conseguiu reduzir em 61,7% o número de mortes de crianças na faixa etária de 0 a 5 anos – são 19,88/mil registros de mortes por mil nascimentos, em 2010, contra os 52,04 registros feitos em 1990. Ainda assim e embora tenha subido nove posições, o Brasil ocupa, em uma lista de 187 países, o 90º lugar no ranking internacional de mortalidade infantil. Os dados constam de um estudo realizado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington e publicado na mais recente edição da revista médica britânica The Lancet.

Ainda de acordo com o estudo, no período de 1970 a 2010 a mortalidade infantil no Brasil foi reduzida à taxa anual de 4,8%, caindo de 120,7 mortes a cada mil nascimentos, em 1970, para 19,88, em 2010. O número ainda é muito superior ao de países com os menores índices de mortalidade como, por exemplo, a Islândia (2,6) e a Suécia (2,7) e até mesmo em comparação com países em desenvolvimento, como o Chile (6,48), Cuba (5,25), China (15,4), México (16,5), Colômbia (15,3) e Argentina (12,8).

O esforço brasileiro, de acordo com o estudo, mostra fôlego para diminuir a mortalidade infantil em dois terços até 2015 e, desse modo, cumprir um dos Objetivos do Milênio fixados pela Organização das Nações Unidas. A ONU estima que, para o cumprimento da meta, será necessário um índice de redução anual médio de 4,4% entre 1990 e 2015. A média anual de redução registrada na análise dos 187 países foi de 2,1%.

QUEDA MUNDIAL

O estudo estima que, entre 1990 e 2010, o número de mortes de crianças na faixa etária de 0 a 5 anos em todo o mundo diminuiu em 4,2 milhões – de 11,9 milhões para 7,7 milhões. Desse total, 33% das mortes ocorreram no sul da Ásia e 49,6% na África Subsaariana.

Entre os 187 países analisados, 56 aparecem com uma taxa de redução anual média igual ou superior a 4,4%, o percentual que a ONU considera necessário para atingir a meta estabelecida até 2015. Este número está acima das estimativas do UNICEF que, em estudo realizado em 2008, apontou que menos de um quarto dos países estava no caminho de cumprir a meta da ONU.

De acordo com o estudo, relevantes avanços foram observados entre os países mais pobres. Há evidências de declínio mais acelerado, se comparado o período de 2000-2010 com o de 1990-2000, em 13 regiões do mundo, incluindo todas as regiões da África Subsaariana. (Com agências)

Fonte: Brasilia Confidencial

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Chega deles!!

Do Blog São Paulo sem Alckmin

A consequência do entreguismo neoliberal de FHC - Vale, a mineradora com as mãos sujas de sangue

Por trás da imagem verde e amarela que vende na televisão, a ex-estatal Companhia Vale do Rio Doce, hoje uma transnacional, coleciona denúncias de graves violações trabalhistas e ambientais por todo o planeta. Fotos Acervo Justiça nos Trilhos

Por Tatiana Merlino

Peru, 2006 No dia 22 de julho, o líder camponês José Lezma Sánchez é abordado por três homens numa feira do município de Eduardo Villanueva. De maneira violenta, é colocado em uma caminhonete e levado a sua casa, em Campo Alegre. Chegando lá, sua casa é vasculhada. Como não encontram nada, começam a agredi-lo fisicamente e o ameaçam de morte caso insista nas ações “antimineradoras”.

Sánchez era presidente da Frente de Defesa do Meio Ambiente da Bacia do Rio Cajamarquino (Fredemac), que se opunha à instalação, na região de Cajamarca, da mineradora Miski Mayo, subsidiária da transnacional brasileira Vale SA (antiga Companhia Vale do Rio Doce).

Víctor Acosta, também integrante da Fredemac, conta que episódios semelhantes ocorreram com diversas lideranças camponesas que se opuseram à implantação da mineração na área. “Primeiro, tentavam comprar, chantagear. Como não deu certo, partiram para o uso de milícias armadas”, explica.

Acosta conta que os camponeses são contrários “à mineração porque defendem suas águas. Não existe atividade agrícola e pecuária sem água, por isso eles se opõem às atividades extrativas”.

A Miski Mayo instalou-se em Cajamarca em 2004. Três anos depois, a pedido da população local, a Comissão de Gestão Ambiental Sustentável do governo peruano realizou uma visita à região e relatou: “Nossa principal surpresa e indignação foi encontrar gente armada com escopetas e rostos cobertos que faziam a guarda na mina.

As conclusões foram: a empresa Miski Mayo recorreu a ‘quadros de defesa’, contratando, para isso, pessoas com antecedentes criminais. Algo mais preocupante ainda: o grupo de defesa foi provido com armas de fogo”.

Moçambique, 2007 Mil e trezentas pessoas começam a ser removidas da vila de Moatize, no estado do Tete, para a implantação de uma mina de exploração de carvão da Vale Moçambique, que ganhou, no ano anterior, a concessão de 35 mil hectares de terra na região. Segundo Thomas Selemane, da organização moçambicana Movimento dos Amigos da Floresta, as famílias estão sendo deslocadas para uma área de pior qualidade para a prática da agricultura, “e as casas que a Vale está construindo são de baixa qualidade”.

No local do empreendimento, há dois cemitérios, e a empresa já está dando procedimento à exumação dos corpos. “Para as famílias, isso é inconcebível, é uma violação das tradições”. Na fase inicial de implantação já ocorreram três greves “por conta da diferença de tratamento com trabalhadores moçambicanos e estrangeiros”, explica Selemane.

Há, ainda, denúncias de que a empresa oferece, aos trabalhadores, refeições que provocam alergias e dores. A empresa mantém, com muitos dos funcionários, vínculo contratual precário e de curta duração, deixando-os numa situação de constante insegurança.

O contrato de concessão firmado com a Vale em Moçambique é válido por 35 anos, a partir de 2007. Selemane pondera que, apesar de ser um grande projeto, ele é econômica e socialmente pouco rentável. “Gera pouco emprego, não tem projeto de transferência de conhecimento etc. O mais provável é que depois de 35 anos deixe dividendos para seus acionistas e deixe para o resto do povo danos ambientais e todos os buracos que vai fazer naquela área”.

Nova Caledônia, 2006 A Vale Inco empresa resultante da compra, pela Vale, da mineradora canadense Inco, decide construir, na colônia francesa situada no sudoeste do oceano Pacífico, um duto para resíduos da atividade de mineração dentro do mar. A barreira de corais da Nova Caledônia, que circunda o país, é a maior do mundo, formando, também, o maior sistema de lagoas do planeta.

Jacques Boengkih, da organização indígena Agencia Kanak de Desenvolvimento Nova Caledônia (Agence Kanak de Developpement Nouvelle-Caledonie), considera a Vale um novo poder colonial. “Já destruíram uma área grande de floresta tropical, onde há espécies raras. Temos árvores da era dos dinossauros. Não sabemos qual serão os impactos desses resíduos”.

Além dos impactos no meio ambiente, há os sociais, como o surgimento da prostituição, antes desconhecida pelo povo tradicional da Nova Caledônia. “Fora que o país não está ganhando nenhum dinheiro com isso. E não gostamos disso, queremos que eles paguem royalties. Não entendo como eles possam tirar o níquel, vender para a China, e nós não ganharmos nada. Essa é uma nova forma de colonialismo, e é muito estranho, porque o Brasil foi uma colônia”.

Transnacional brasileira

Os casos acima retratam, resumidamente, o modus operandi da transnacional brasileira Vale S.A. após sua privatização, realizada, por meio de um leilão, em abril de 1997. A verdadeira cara da empresa é bem diferente da que ela mesma vende em propagandas de televisão, que a atrela a imagens de famosos, como a atriz Fernanda Montenegro e o fotógrafo Sebastião Salgado.

Uma das maiores transnacionais brasileiras e a maior mineradora do mundo, o grupo empresarial da Vale é composto por, pelo menos, 27 empresas coligadas, controladas ou joint-ventures, distribuídas em mais de 30 países, como Brasil, Angola, Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Indonésia, Moçambique, Nova Caledônia e Peru, onde desenvolve atividades de prospecção e pesquisa mineral, mineração, operações industriais e logística.

Sua forma de atuação não difere da das grandes corporações mundiais, que utilizam a superexploração do trabalho e destruição do meio ambiente para garantir alta lucratividade. “A Vale não é brasileira nem verde e amarela. Isso é propaganda. Ela é uma multinacional como outra qualquer”, diz Ana Garcia, da Fundação Rosa Luxemburgo.

Sandra Quintela, economista e integrante do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs), explica que a Vale não é mais uma empresa nacional, “mas sim uma empresa controlada por seus acionistas. Grande parte deles são bancos e fundos de pensão, capital financeiro. Assim, objetiva capitalizar os seus acionistas e, para isso,

tem aplicado uma política duríssima: de um lado, tirando direitos dos trabalhadores, economizando as despesas de pessoal; de outro, com uma escalada ilimitada de exploração mineral”.

A Companhia Vale do Rio Doce foi fundada em 1942 como uma empresa estatal brasileira. Sua privatização é, até hoje, contestada na Justiça brasileira. Desde então, a empresa obteve lucro total de 49,2 bilhões de dólares, dos quais 13,4 bilhões foram distribuídos aos seus acionistas. Nos últimos dez anos, foi a quarta empresa mais rentável entre as grandes companhias (de acordo com o Boston Consulting Group).

Em janeiro de 2010, seu valor de mercado foi avaliado em 139,2 bilhões de dólares, rendendolhe a 24ª posição entre as maiores companhias do mundo, de acordo com o jornal inglês Financial Times. “Foram 49 bilhões de dólares de lucro para uma empresa que foi privatizada por 3 bilhões. É uma coisa absolutamente escandalosa, um saque ao patrimônio público”, critica Sandra.

Hoje, a Vale é controlada pela sociedade Valepar S.A., que detém 53,3% do capital votante (33,6% do capital total). Em seguida, aparece o governo brasileiro, com 6,8%, e vários investidores que não possuem mais de 5% das cotas.

A Valepar tem a seguinte constituição acionária: o fundo de pensão Previ, que por meio da sociedade Litel Participações S.A., possui 39% das cotas da sociedade; a Bradespar S.A. (sociedade de investidores ligada ao grupo Bradesco) com 21,21%; a empresa siderúrgica japonesa Mitsuib & Co. Ltda com 18.24%; os fundos de pensão brasileiros Petros, Funcef e Fundação Cesp, que, por meio da sociedade Litel Participações S.A., possuem 10% das cotas; e o governo federal, que possui 11.51%. O governo detém, ainda, ações especiais (golden share), que lhe dão poder de veto em determinadas decisões.

Violações às comunidades

Os impactos da expansão resultante da privatização da empresa foram discutidos durante o I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, ocorrido no Rio de Janeiro, sede nacional da Vale, entre 12 e 15 de abril. Estiveram presentes cerca de 160 pessoas de 80 organizações e movimentos de todas as regiões do Brasil e de países como Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Moçambique, Nova Caledônia e Peru.

Durante os quatro dias, os participantes apresentaram os casos de violações às comunidades tradicionais, aos trabalhadores e ao meio ambiente gerados pela mineração. Discutiram, também, estratégias comuns de enfrentamento e resistência à transnacional brasileira. A tônica do encontro foi de estudo e troca de experiências entre os moradores e comunidades afetadas pela mineração no mundo.

Uma preparação para o encontro foi realizada nos dias anteriores. Em 6 de abril, duas caravanas percorreram os estados de Minas Gerais, Pará Maranhão com o objetivo de permitir aos participantes entrar em contato com as realidades dos atingidos pela mineradora.

A primeira saiu de Itabira, cidade onde a empresa nasceu e que sofre com altos índices de poluição decorrentes de sua atuação. A segunda cruzou o Eixo Carajás, onde comunidades convivem com empreendimentos localizados em Barcarena,Marabá e Paraupebas, no Pará, e Açailândia e São Luís, no Maranhão.

No primeiro dia do encontro, os participantes seguiram à Baía de Sepetiba, no Rio, onde a Vale, em sociedade com a ThyssenKrupp, está montando a Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA), acusada de causar danos ao meio ambiente e às comunidades

ribeirinhas. A TKCSA irá emitir 273,6 mil toneladas/ano de poluentes, sobretudo monóxido de carbono (229.758 toneladas) e dióxido de enxofre (21.540 toneladas). Há, também, denúncias de que, na região, a empresa esteja atuando com grupos de milícias (paramilitares) que ameaçam aqueles que se opõem ao empreendimento.

Entre os impactos ambientais provocados pela Vale, Guilherme Zagallo, advogado da Campanha Justiça nos Trilhos e vice-presidente da OAB do Maranhão, destacou que a transnacional emitiu, em 2008, 16,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, causando prejuízos à saúde da população. Ele também apontou que “em suas operações, a Vale consumiu 335 milhões de metros cúbicos de água em 2008, sendo responsável pelo derramamento, no ambiente, de 1.562 metros cúbicos de salmoura, álcool, hidrocarbonetos e outros poluentes”. Para se ter uma ideia,

em 2008, a Vale produziu 346 milhões de toneladas de minérios. E em 1997, tal produção foi de 113 milhões de toneladas.

Zagallo denuncia, ainda, a responsabilidade da mineradora em atropelamentos ferroviários. Em 2007, ocorreram 23 mortes; em 2008, houve nove mortes e 2.860 acidentes. “São mortes silenciosas. A única responsabilidade da empresa com isso é a compra de caixões. E, depois, falam que isso faz parte das dores do crescimento”, criticou.

O vice-presidente da OAB do Maranhão lembrou que, além das mortes, o impacto sobre as comunidades que vivem à beira do percurso das ferrovias inclui “atropelamento de animais, ruído, interrupção do tráfego de pessoas e veículos em cruzamentos sem passarelas ou passagens de nível”.

Cinco usinas siderúrgicas

Esse drama é vivido por Edevard Dantas Cardeal e pela comunidade onde vive. Ele é morador do povoado de Piquiá, município de Açailândia, no Maranhão, onde estão em operação, atualmente, cinco usinas siderúrgicas, que produzem, anualmente, 500 mil toneladas de ferro-gusa.

A estrada de ferro passa ao lado do povoado e a BR-222 atravessa a comunidade. Quase toda a produção é exportada para os Estados Unidos, Ásia e Europa. Apenas uma pequena parte é destinada ao distrito industrial do Piquiá. Essa cadeia siderúrgica é alimentada a partir de minérios da Vale, única fornecedora das cinco usinas em funcionamento na região.

Seu Edevard, nascido na Bahia e hoje com 66 anos, diz que vai lutar contra a Vale até quando aguentar. “Pode escrever tudo que eu estou falando, que eu assino embaixo. Sou um grande prejudicado dos empreendimentos”.

O senhor simpático de óculos e barba por fazer conta que vive na região desde 1969. “Tinha um rio, o Piquiá, que a gente usava para lavar roupa e até beber. Depois, a Vale chegou com essas empresas siderúrgicas e poluiu tudo. Tem ainda a estrada de ferro, que passa rente ao nosso povoado”.

Seu Edevard lembra que, antes da chegada da mineração, a comunidade sobrevivia da roça. Agora, não há mais onde plantar. “Tem que andar de 150 a 200 quilômetros para fazer roça. Hoje, a gente vive de respirar pó de ferro de minério e outros resíduos que caem dentro da cidade”. O agricultor conta que possuía uma grande área de terra: “eu tinha ideia de sobreviver ali plantando minhas coisas, mas, com a poluição que veio, perdeu valor e não tem como sair para outro lugar”.

De acordo com o Dossiê dos Impactos e Violações da Vale no Mundo, apresentado no final do encontro no Rio de Janeiro, a extração de madeira nativa para a produção de carvão vegetal a ser utilizada nas siderúrgicas é altamente predatória naquela região e gera muitos agentes poluentes, principalmente monóxido de carbono, com grandes

efeitos sobre a saúde, como doenças respiratórias. “Os problemas relacionados às atividades das guseiras e os conflitos socioambientais na região aumentaram com a exploração da Vale”, aponta o documento.

Segundo seu Edevard, houve um aumento do número de problemas de saúde, como coceira, dores de garganta e alergia na pele das pessoas. Ele relata, também, que a poluição emitida pelas chaminés da siderúrgica, por onde sai pó de minério, pó de carvão vegetal e outros resíduos, “caem dentro do rio e no quintal da gente, em cima das casas, em cima de tudo”. Nas fábricas, não existem filtros antipartículas. Assim, quando os alto-fornos são abastecidos com minério e carvão vegetal triturado e homogeneizado, a fuligem emitida contém resíduos provenientes do aquecimento do minério. Fuligem que cobre os móveis, camas e utensílios de cozinha das casas do povoado, causando doenças respiratórias graves.

Quando a caravana norte passou pela comunidade, Seu Edevard juntou parte do pó que cai no telhado de sua casa. Num gesto simbólico, os participantes colocaram as mãos no pó, e, em seguida “carimbaram” o peito, para mostrar os danos respiratórios causados pela siderurgia. “Sabe como é chiqueiro de porco, cercado por quatro lados? Não é lugar de viver, mas estamos vivendo assim. Por isso a comunidade quer ser indenizada, já entramos com um processo. Chega de tanto sofrer”.

Tatiana Merlino é jornalista. - Revista Caros Amigos

Bolívia ordena prisão de general que capturou Che Guevara

O Tribunal Penal de La Paz emitiu, na última sexta-feira (21), uma ordem de prisão domiciliar e proibição de viajar contra o general aposentado Gary Prado Salmón, acusado de vínculos com uma organização terrorista. Prado Salmón ficou conhecido por ter capturado com vida o guerrilheiro Ernesto Che Guevara, na serra boliviana, em 8 de outubro de 1967.

A juíza Betty Yañiquez também ordenou a prisão de Ronald Castedo, suposto presidente da ordem dos Cavaleiros do Oriente e ex-gerente da cooperativa de telefonia Cotas, de Santa Cruz de la Sierra; e de Juan Carlos Santisteban, líder do movimento Falange Socialista Boliviana (FSB).

Os três são acusados de supostos vínculos com um grupo terrorista desarticulado em abril de 2009. Segundo o promotor Marcelo Soza, que investiga o caso, entre os planos dessa organização estava a intenção de assassinar o presidente Evo Morales.

Segundo a Procuradoria, Prado Salmón teria ligações com o boliviano com cidadania húngara e croata Eduardo Rozsa Flores, morto pelas autoridades locais. Na ação do último ano também foram assassinados o irlandês Michael Martin Dwyer e o romeno de origem húngara Arpad Magyarosi. Foram detidos ainda o croata Mario Tadic Astorga e o húngaro Elod Tóaso.

Por sua vez, o ex-general admitiu conhecer Rozsa Flores, mas esclareceu que teria conversado com ele sobre a captura de Che. Pelo mesmo caso já havia sido foi determinada a ordem de prisão domiciliar contra o filho do militar, Gary Prado Araúz, que foi candidato a prefeito de Santa Cruz nas últimas eleições, de 4 de abril.

As investigações de Soza apontam que cerca de 20 empresários e dirigentes cívicos estariam envolvidos com o grupo terrorista. A maior parte dessas pessoas pertencia aos Cavaleiros do Oriente, que seria uma ordem secreta formada em Santa Cruz no final dos anos 70.

Prado Salmón foi o oficial que capturou ferido o guerrilheiro argentino-cubano no sudeste da Bolívia. Um dia depois, Che Guevara foi executado. O ex-general ficou paraplégico na década de 1980, após ser atingido por um tiro que danificou sua coluna vertebral.

Fonte: O Vermelho

Serra fará de tudo para provar que não é tão antinordestino assim

É noite de segunda-feira no sertão do Cariri. Diante dos seguidores que lotavam o Tênis Clube da cidade do Crato, a calorenta terra natal do Padre Cícero, o candidato tucano à Presidência, José Serra, aparentava descontração no palanque.

Até que não fez feio, para um paulistano da Mooca, ao puxar cantoria para Juazeiro e Último Pau-de-Arara, forrós imortalizados por Luiz Gonzaga. Estava tão à vontade que confessou ao público: “Sabem que quando cheguei tive a sensação de já ter vivido esse momento antes? Como se já tivesse entrado aqui, neste clube… Déja vu, não é assim que se diz?”

O ex-governador de São Paulo queria dizer que se sentia em casa entre os sertanejos, mas a sensação de déja vu do candidato é real. Serra já viveu este momento antes, exatamente oito anos atrás.

Como em 2002, o tucano precisa crescer no Nordeste para ter chances reais de ganhar a eleição. Nas mais recentes pesquisas dos institutos Vox Populi e Sensus, Dilma Rousseff mantém vantagem avassaladora na região. Segundo o Vox, a diferença é de 49% a 29% a favor da petista. No Sensus, chega a 50,2% a 29,3% quando na lista de candidatos constam apenas os nomes dos dois e da senadora Marina Silva.

Por isso e mais uma vez, Serra tentará criar intimidade com os habitantes da região, repetindo, incansável, ter tido nordestinos entre os amiguinhos do jardim de infância na Mooca – embora, como costuma falar em seguida, não lembre com exatidão.

É improvável que Serra pague o mico de montar em jegue como fez Fernando Henrique Cardoso em 1994, e é seguro que o paladar delicado de quem não suporta alho sentirá engulhos ante um prato de buchada de bode. Fora isso, para melhorar sua performance em terras nordestinas, vale tudo, até dizer que “individualmente”, foi o político que mais fez pela região. Neoadepto dos comentários futebolísticos, o palmeirense chegou a declarar no Recife que torce pelo Sport, Náutico e Santa Cruz ao mesmo tempo.

Um dilema sobre o vice

Também como em 2002, Serra lançará oficialmente sua candidatura no Nordeste: se naquele ano foi no Piauí, neste será na Bahia, em 12 de junho. Novamente buscará um candidato a vice na região.

Da primeira vez em que se lançou à Presidência, tentou o potiguar Henrique Eduardo Alves, do PMDB, afastado por denúncias. Acabou obrigado a se contentar com a capixaba Rita Camata. Agora, fala-se no pernambucano Sergio Guerra, seu companheiro de PSDB (além do carioca Francisco Dornelles, para atrair o PP à aliança de oposição). Para FHC, funcionou com o democrata Marco Maciel, conterrâneo de Guerra, nas duas eleições a que concorreu.

Não se sabe até que ponto a escolha de um vice local poderá alavancar a votação de Serra, que carrega fama de antinordestino desde a primeira disputa, como fez questão de lembrar seu próprio aliado, o senador Tasso Jereissati, em almoço do candidato com empresários em Fortaleza na quarta-feira 19.

Em 2002, Serra e Jereissati, que apoiou Ciro Gomes, não se bicavam. Neste ano, voltaram a se unir. Com Ciro fora da jogada, Serra inclusive passou a fazer elogios ao ex-pré-candidato do PSB. “Ciro é um homem honesto, batalhador”, disse o paulista sobre o cearense que, há oito anos, reputava “mentiroso”.

O ex-governador paulista parece disposto a engolir o orgulho em nome de diminuir a diferença na região em relação à ex-ministra de Lula. No momento, Serra aparece com percentuais semelhantes aos que obteve no segundo turno em 2002.

A diferença é que neste meio tempo consolidaram-se os programas sociais e a trajetória de aumento do salário-mínimo, responsáveis por fazer o oponente de Lula em 2006, Geraldo Alckmin, ter menos votos ainda do que Serra entre os nordestinos. Mesmo com a simpatia quase generalizada da mídia nacional e regional, ganhar votos na região onde Lula é praticamente um santo é tarefa inglória e o candidato sabe disso.

Péssimo histórico

O retrospecto lhe é francamente desfavorável: em 2002, Serra terminou em terceiro ou quarto lugar em quase todas as capitais nordestinas, menos Recife, e em quase todas do Norte do País, exceto Palmas no Tocantins. Isso sem o rival ter a seu lado, como agora, um presidente hiperpopular e apesar de o PSDB controlar a máquina na ocasião. Um mês antes da eleições, por exemplo, FHC providenciou a liberação de 400 milhões de reais aos usineiros da região. No segundo turno, Serra só ganhou em Alagoas, onde tinha o apoio de Renan Calheiros, do PMDB, hoje com Dilma Rousseff.

Já que o terreno não lhe parece promissor, o jeito é apelar para o divino. Pela primeira vez em seus 68 anos de vida, o presidenciável foi visitar o monumento favorito dos políticos em ano de eleição – justamente a estátua do cratense Padre Cícero em Juazeiro do Norte. Escreveu seu nome aos pés da imagem do beato, amarrou fitinhas nos dois braços e rezou para o Padim Ciço olhar pelos seus netos e operar o milagre de lhe fazer brotar tantos votos no sertão quanto mandacarus.

Na mesma noite sob o céu cearense, explicitou a estratégia de não só encenar ser o candidato de oposição que dará continuidade ao governo Lula como de, nos grotões, por incrível que pareça, deixar crer que ainda é ministro da Saúde. Possivelmente orientado por pesquisas qualitativas, foi recebido na pequena Barbalha, vizinha a Juazeiro do Norte, como se ainda fizesse parte do governo de FHC.

Em visita-comício ao Hospital São Vicente de Paulo, foi saudado como ministro pelo locutor no carro de som, que citou a biografia do candidato em ordem inversa: prefeito de São Paulo, governador, ministro da Previdência e da Saúde. Serra também foi chamado de ministro por Jereissati. Ao receber o título de “benfeitor emérito”do hospital por ter “dado”14 milhões de reais ao seu centro de oncologia, sapecou: “Vamos continuar fazendo muito mais pela saúde do nosso povo”. Bem a propósito, a única faixa onde aparecia como “ex-ministro da Saúde”estava rasgada.

Somente nas cidades maiores, como Juazeiro e Fortaleza, é que Serra desfiava seu currículo completo de ex-ministro do governo Fernando Henrique, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo. E só então fazia críticas à atual gestão na saúde, que, disse, “desacelerou”e “andou para trás”no governo Lula, prometendo “acabar com a demora nas consultas”. Em toda parte, declarou-se favorável ao Bolsa Família. “Aliás, fui eu quem fez um dos componentes do Bolsa Família, o Bolsa Escola”, gabou-se o candidato, observado de cima pelo gigantesco e indiferente Padim.

O bolso e o voto

Se Dilma Rousseff lidera com folga no Nordeste, de acordo com as pesquisas mais recentes, os dois candidatos aparecem tecnicamente empatados no Sudeste, região com maior número de eleitores. O tucano está à frente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul.

Uma situação que, embora seja explicada por alguns como efeito de bairrismo, preconceito ou pela diferença no nível de escolaridade, é atribuída a razões econômicas pelo cientista político César Romero Jacob, da PUC do Rio de Janeiro, autor do livro A Geografia do Voto nas Eleições Presidenciais do Brasil: 1989-2006 (editora PUC Rio), a ser lançado em junho.

“Os eleitores votam pelo bolso, tanto de um lado quanto do outro”, raciocina Jacob. “No Norte e Nordeste, eles votam na candidata do governo em razão da melhora da renda ocasionada pelo Bolsa Família. No Sul e Centro-Oeste, votam contra porque se sentiram prejudicados em seus negócios, sobretudo nas exportações, em virtude da desvalorização do dólar diante do real”.

A tese do bolso faz sentido se levarmos em conta que, mesmo de origem pernambucana, Lula perdeu em 1994 e 1998 em quase todas as regiões, inclusive no Nordeste, para seu opositor, FHC, turbinado pelo Plano Real.

Atualmente, na política brasileira, a questão regional não é explicitada como na República Velha, quando havia partidos instituídos representando os mineiros e os paulistas. Até a Revolução de 1930, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM) dominavam a política no País e se revezavam no poder no plano federal. O PRP elegeu nada menos que seis presidentes da República.

Hoje, segundo analistas, fazer campanha utilizando critérios regionalistas faz perder voto. “Ninguém pode falar nisso abertamente. Tampouco se pode ter voto só em São Paulo, como Paulo Maluf, ou só no Rio, como Leonel Brizola em 1989”, afirma Jacob.

Mas é uma preocupação constante dos coordenadores das campanhas dar uma cor local tanto aos candidatos quanto à profusão de promessas. No caso de Serra com o Nordeste, além da saúde, tem prometido para a região construir a ferrovia Transnordestina e concluir a transposição do rio São Francisco – obra que o PSDB critica. Para o Ceará, prometeu uma siderúrgica e uma refinaria.

Um partido com a cara de São Paulo

O problema para o tucano em convencer os nordestinos é que seu partido, ao longo dos anos, vem “paulistanizando”a disputa. Desde a primeira disputa presidencial, com Mário Covas à frente, em 1989, o candidato do PSDB é sempre escolhido em São Paulo – Fernando Henrique Cardoso, embora nascido no Rio, fez carreira política entre os bandeirantes.

Neste ano, quando se anunciava a possibilidade de um mineiro, Aécio Neves, concorrer como candidato da legenda, foi novamente posto de lado pelo paulistano Serra. Segundo analistas de pesquisa, a mágoa dos mineiros com o chega-pra-lá no conterrâneo está na base da ascensão de Dilma Rousseff nas intenções de voto no estado. Os dois agora aparecem tecnicamente empatados.

Durante a campanha, os tucanos darão a entender que o PT não se preocupa com São Paulo, onde Serra tem atualmente boa vantagem: 41% a 28%. Já os petistas tentarão demonstrar que, ao contrário do rival PSDB, governa para todos os brasileiros. A escolha da ex-ministra da Casa Civil, mineira que fez carreira política no Rio Grande do Sul, não foi por acaso.

No último programa de TV do partido, o presidente Lula deixou isso claro. “Dilma nasceu em Minas e amadureceu politicamente no Rio Grande do Sul. Tem a ternura e sensibilidade dos mineiros e a intrepidez dos gaúchos. Uma bela mistura que será importante para o Brasil”. Para rebater, o tucano tem dito nos lugares por onde passa que aprendeu há muito tempo, ainda no exílio, “a enxergar o Brasil como um todo”.

“Não sei se dará resultado, mas a pessoa da Dilma encarna a chapa Juscelino Kubitschek-João Goulart, um mineiro com um gaúcho. Afinal, é mineira e gaúcha”, compara o professor César Jacob. Para completar a estratégia, o paulista Michel Temer foi confirmado na semana que passou pela Executiva do PMDB como o nome que o partido indica para vice de Dilma.

É pouco provável que a vinda de Temer agregue votos relevantes para a candidata governista em São Paulo, onde o presidente da Câmara foi o último colocado entre os três peemedebistas eleitos para o cargo de deputado federal em 2006, com 99 mil votos. Sua indicação tem outro objetivo. Atribui-se a Temer a capacidade de manter o PMDB minimamente unido. A ver.

Em sua terra natal, o deputado terá de se mostrar capaz de conter a rebeldia de Orestes Quércia, que mantém, desde 2008, uma aliança com Serra e que ameaça contestar a indicação da executiva do partido. Há ainda a rebeldia do PMDB gaúcho, liderada pelo senador Pedro Simon, que ameaça lançar candidatura própria à Presidência.

Afinal, por que votar em Serra?

Nos próximos dias, enquanto Dilma volta-se para o Sul, Serra mergulhará ainda mais em seu eterno retorno. A imprensa faz barulho e repercutiu fortemente a proposta do tucano de criar o Ministério da Segurança Pública, mas tem memória fraca. Houve idêntica promessa em 2002.

Ser um candidato mais preparado para presidir o país que a oponente? Era o principal bordão de campanha de Serra quando perdeu para Lula. Em qualquer das pesquisas, o item “mais preparado” é o último fator dentre os considerados importantes pelo eleitorado.

Fingir ser o avesso do que realmente é para ganhar a eleição? Déja vu: em 2002, quando os eleitores queiram mudança, Serra criticava o governo do qual fazia parte para não ficar totalmente identificado com ele – condenou a extinção da Sudene por FHC, por exemplo. Agora que o desejo geral é por continuidade, elogia Lula na tentativa de se dissociar da oposição.

E que ninguém se espante se o passo seguinte do tucano for lançar o “Programa Novo Nordeste”, com estratégias para a região, como fez oito anos atrás, estratégia repetida por Geraldo Alckmin em 2006. De qualquer forma, cético ou não, há sempre a alternativa de apelar ao Padre Cícero.
 
Por Cynara Menezes - CartaCapital

"O mundo está ficando difícil para ser humano"

Mesmo assim, estes dias têm sido espetaculares: a ação do presidente do Brasil. A iniciativa da diplomacia brasileira. O atrevimento de arriscar um caminho, que talvez possa evitar a guerra. A altivez de ter independência na política externa, servindo ao Brasil e também ao mundo é uma página extraordinária da nossa história.


A dimensão fica mais nítida pela trágica e grotesca reação da grande imprensa brasileira: não apóiam, não exaltam, não valorizam, não contextualizam, desde uma perspectiva brasileira, só olham do ponto de vista da América do Norte, da Hillary, dos novos falcões americanos – uma nova transgenia democrata-republicana. É o “dark side of the moon” de Obama.

Para todos que acham que não houve golpe militar em Honduras, é natural achar que o Brasil não deve “atrapalhar” a preparação da nova invasão, desta vez no Irã, e muito menos podem aceitar uma iniciativa, que vejam só, pode ajudar a paz. E dificultar a diplomacia de guerra cada vez mais acelerada dos EUA.

A imprensa brasileira - seus jornais, rádios e tevês – já não sabem bem o que são, embora saibam muito bem o que fazem. São a gripe suína do pensamento nacional. Ficaram histéricos, mas não se dão conta, nem ouvem a estridência de seus gritos. E, na verdade, já não se sabe pelo que gritam, nesses dias espetaculares, se pelos resultados da política internacional de Lula, se pelo avanço e ultrapassagem de Dilma em relação a Serra, ou se porque seus ataques, cada vez mais intensos, produzem cada vez menos efeito.

Vale a pena observar algumas manifestações desta imprensa:

No dia 19 de maio, no Jornal da Noite, William Wack recorre a uma retrospectiva histórica, onde relembra com apoio de fotos e filmes, Nasser, Nehru, Tito como experiências de independência terceiro-mundista, que já aconteceram e não deram certo, para explicar que essa é a descendência, em 2010, da política de Lula. Ou, trocando em miúdos, toda busca de autonomia, independência nacional, construção de nação que aqueles episódios testemunharam são congenitamente equivocados. O único DNA “bom” é o DNA da obediência, do colonizado, do obediente, e toda revolta deve ser condenada.

Outro exemplo é a pergunta interativa feita no tradicional programa de debates Conversas Cruzadas, da RBS TV, sobre o tema: se o Irã iria cumprir o acordo. É uma pergunta legítima, mas típica do enfoque preferencial da produção desse programa; nem em sonhos, cogitam de fazer uma pergunta que começasse, não examinando as consequências futuras, mas os significados do gesto recente: o novo peso do Brasil na política internacional.

Perderam a noção, o sentido da grandeza, a percepção da história, o significado do gesto, o valor e o peso do Brasil, a noção da Pátria, os interesses do Mundo e da Paz.

Se fazem amnésicos, não lembram nem da história recente: as invasões das “cruzadas Bush”, dos movimentos evidentes do conservadorismo americano para invadir o Irã.

E também não se lembram do passado, pois querem eternizar as condições que fizeram das grandes nações coloniais e dos grandes países industrias do século XX os dominadores e senhores da Terra. Aliás, no mesmo jornal da Noite citado, há uma passagem que claramente indica como insensato atrevimento querer alterar a “ordem natural” das coisas. Quem tem riqueza, armas, poder, tecnologia, terá cada vez mais. Quem não tem, obedecerá cada vez mais.

É disto que se trata e é isto que Lula e o Brasil enfrentam com sensibilidade e realismo, tentando romper estes limites protegendo ao mesmo tempo a possibilidade do entendimento e da Paz. Não é para qualquer um.

(*) Sociólogo, foi deputado estadual (PT-RS) e Chefe da Casa Civil do Governo Olívio Dutra.

Fonte: Carta Maior

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SUS dobrará número de leitos para usuários de crack no Brasil

O Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack, lançado nesta quinta-feira (20/5) em Brasília pelo presidente Lula, vai dobrar a quantidade de leitos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aos usuários da droga. Segundo informações divulgadas hoje pelo Ministério da Saúde, a quantidade de leitos vai passar de 2,5 mil para 5 mil em todo o País. A área de saúde vai contar com R$ 190 milhões do total de R$ 410 milhões destinados ao combate ao crack no Brasil (ver aqui), como forma de incentivo para a internação em leitos especializados.


Outras ações e programas estão disponíveis para auxiliar no combate o uso da droga, como os Consultórios de Rua, as Casas de Acolhimento, os Centros de Atenção Psicossocial e as equipes de Saúde da Família, que fazem um trabalho articulado de promoção, prevenção e acolhimento do usuário.
 

 
O principal foco do programa é atuar de maneira integrada, unindo governos, entidades de classe e sociedade civil no combate ao uso de drogas. Saúde, educação e policiamento das fronteiras trabalharam juntos no combate às drogas. Segundo Paulina Duarte, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), o programa é estratégico porque intensifica e coordena os projetos já existentes no governo Lula, promovendo a interação dos ministérios. “O programa não é novo, são ações que já vêm sendo feitas sistematicamente pelos ministérios. O que houve foi a decisão do presidente Lula de integrar efetiva e sistematicamente todas as ações para que o impacto em relação às respostas seja maior”, explicou.


Dentro da lógica de trabalhar em rede, o programa prevê ainda a reinserção social dos dependentes químicos. Uma medida será a construção de 73 novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) até o final do ano. Os centros auxiliam o usuário a deixar o vício e voltarem ao convívio social. E está prevista ainda a destinação de R$ 13 milhões para a construção de Casas de Passagem, abrigos para usuários de drogas.

Outra medida adotada é o reforço do controle das fronteiras. Segundo o ministro da Justiça, Luís Paulo Barreto, a maior parte do crack consumido no Brasil é produzido nos países vizinhos. “Não existem grandes traficantes da droga no país, por isso as baixas apreensões. Por isso, faremos um controle mais efetivo das nossas fronteiras”, disse. Serão construídos 11 postos de fronteira que contarão com o trabalho de 900 policiais especializados em detectar contrabando de munição e armas e, especialmente, o tráfico de drogas.

Fonte: Blog do Planalto

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Serra adora o chimarrão gaúcho. É hilário!


Que delícia! Melhor que água sem gás

Como se sabe, o Serra só bebe água mineral.
E, depois que cumprimenta estranhos, chega no carro e limpa a mão com álcool.
Agora, ele foi ao Rio Grande do Sul.
Para demonstrar simpatia, olhem a cara que ele fez ao tomar o chimarrão.
Ele é um gênio !

Fonte: Contexto Livre