da Agência Brasil
Apoiar ou não uma candidatura à Presidência nas eleições deste ano? Essa é a pergunta que divide a UNE (União Nacional dos Estudantes), no encontro de lideranças estudantis, aberto nesta quinta-feira no Rio de Janeiro. O posicionamento oficial da UNE só será decidido no domingo, quando haverá uma reunião plenária com mais de 500 estudantes.
Apesar de a maioria dos grupos que compõem a UNE estar inclinada a não apoiar qualquer candidato, a própria diretoria da entidade se mostra dividida. O terceiro vice-presidente da entidade, Tássio Brito, pertence a um grupo ligado ao PT, a Articulação de Esquerda, defende o apoio da UNE a uma candidatura.
Segundo ele, a UNE precisa se posicionar de forma clara. "Precisamos ter autonomia para dizer o que queremos neste momento. Isso é um exercício de autonomia e independência: mostrar que você pode ter opinião, que você pode ter lado. Ser neutro é mostrar que você não tem autonomia para tomar uma decisão."
Ele reconhece que representa uma minoria dentro da direção da UNE, mas acredita que o quadro pode mudar durante os quatro dias de encontro, na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Já o segundo vice-presidente da UNE, Bruno da Mata, que representa um grupo do PSB na entidade, é contrário ao apoio de qualquer candidatura. Segundo ele, para a UNE é mais importante fechar um documento com compromissos para todos os candidatos, com propostas em áreas como educação, saúde, meio ambiente e esportes.
"Nós não defendemos que a UNE se posicione em defesa de algum dos candidatos. A gente deve fazer um projeto dos estudantes. Os candidatos que sentirem que podem contemplar esses projetos que assinem.".
De acordo com Mata, a UNE é uma entidade plural, com representantes de inúmeras correntes políticas e qualquer tentativa de unificar um apoio em torno de algum candidato será uma posição artificial da entidade. "Nossas bandeiras são muito maiores do que a ideia de apoiar candidato A ou B", afirmou.
O vice-presidente Tiago Ventura também representa uma corrente que não defende apoio a candidaturas: a Democracia Socialista, ligada ao PT. Apesar disso, ele acredita que é possível à UNE se posicionar "contra" alguma candidatura, caso determinado candidato não se comprometa com as propostas da entidade.
O presidente da UNE, Augusto Chagas, da União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B, acredita que a entidade poderá contribuir mais para o debate eleitoral se não apoiar abertamente nenhum candidato. "O que eu defendo é que a UNE consiga interagir com candidaturas com independência. As candidaturas são questões que estão no nível dos partidos políticos"
Para ele, é mais importante que a UNE busque participar do debate com propostas como a defesa da educação pública, da reforma agrária, da democratização da comunicação e do desenvolvimento do Brasil. "O que garantirá mais protagonismo à UNE é que ela possa apresentar propostas para o debate eleitoral. Qualquer saída que aponte para apoiar uma candidatura, nesta altura do campeonato, não é uma posição que ajuda do ponto de vista do prestígio da UNE com a opinião pública."
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