quinta-feira, 29 de abril de 2010

Chega de Hospitais Psiquiátricos! O portador de transtorno mental tem que ser tratado e não torturado.

“Justiça considera culpados dois agentes por morte de jovem preso em hospital psiquiátrico. Réus ficarão em liberdade.



por Natalia Von Korsch

Rio – Onze anos e 11 dias após o assassinato de Ricardo Gilson, 22, no hospital psiquiátrico em que estava preso, dois dos quatro acusados pelo crime foram condenados, ontem, a 15 anos de prisão. Os agentes penitenciários Jorge José Rigueira da Paixão e Eustáquio Cirino de Souza foram condenados em júri popular por homicídio triplamente qualificado e perderão os cargos.

Mas, até que todos os recursos da defesa sejam esgotados, os réus permanecerão em liberdade e trabalhando. Os outros dois acusados, José Nivaldo Melo, que era chefe de segurança do Hospital Psiquiátrico Fábio Soares Maciel, no Complexo da Frei Caneca, no Catumbi, e a médica Cali Gagliasso Barbosa foram absolvidos.

Após comemorar durante o dia a decisão, a mãe do jovem, Carmem Gilson, lamentou o que chamou de ‘falha da nossa Justiça ultrapassada’ por manter os condenados em liberdade até o fim do processo: “É um balde de água fria. Ganhei, mas não levei. Agora vou esperar mais quanto tempo para ver os culpados pela morte do meu filho atrás das grades? De qualquer forma, foi uma vitória. Pequena, mas uma vitória”.

Nesses 11 anos, Carmem integrou grupos de mães que lutam por justiça e participou ativamente de todo o processo — cobrando da polícia e do Ministério Público — para não deixar o caso ser esquecido. Ela ainda contratou advogados para auxiliar a promotoria.

Quarta-feira, a novelista Glória Perez publicou em seu blog mensagem de Carmem e deu força para a amiga: “Eu a conheço há muitos anos, dessa batalha dura e cotidiana das mães que buscam justiça para seus filhos. Só quem vive sabe”.

Carmem assistiu às oito horas de julgamento usando camisa com a foto de Ricardo e os dizeres de Madre Teresa de Calcutá — “Uma nação que mata seus filhos é uma nação sem futuro” — impressos. “Demorou, mas Deus me ajudou a perdoar os agentes. Só que meu filho não volta mais e os responsáveis têm de pagar”, afirmou. “Dedico essa vitória às mães mais humildes, moradoras de comunidades carentes, que têm medo de denunciar e sofrer represálias”, concluiu.”

Fonte: Observatório de Saúde Mental

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